29 de agosto de 2013

Parto domiciliar da Ana e do Roberto

Parto domiciliar da Ana e do Roberto: Participe da minha vaquinha!

Na foto com 14 semanas

Com muita alegria compartilho a minha gestação com vocês que me acompanham no blog! E desde já peço o auxilio de todos, para termos um Parto Domiciliar belíssimo, seguro, com muito carinho e amor! Gratidão!

28 de agosto de 2013

Uma reflexão - Seu filho é normal como você?

Uma ótima reflexão! Eu não tenho nem o que comentar, o texto fala por si. Leiam!

Se você está explorando algo muito interessante e alguém lhe toma sem justificativa, você se sente desrespeitado.
Se você está andando livremente e alguém te segura, você protesta.

Se você quer muito fazer algo e leva um sonoro não, você reage.
Se alguém muito querido chega, te cumprimenta brevemente e não te dá mais atenção, você confronta.

Se uma das suas pessoas favoritas tem hora certa para te atender, você fica chateado.

Se sua família se recusa a fazer qualquer alteração na rotina para atender a uma vontade sua, você não se sente importante.
Se você está com fome, mas te negam comida, você pede de novo.

Se alguém te força a comer sem fome, você vira o rosto.

Se alguém empurra alguma coisa que você não gosta para dentro da sua boca, você cospe.
Se você está no escuro, sozinho, sem a possibilidade de se mexer, você grita.

Se você está num ambiente desconfortável, com vontade de estar perto de alguém que gosta, você chama essa pessoa.

Se você pode ir até ela com suas próprias pernas, você levanta e vai.

Se você não está com sono, está com muitos pensamentos na cabeça, apaixonado demais, carente demais, com fome, com sede, com calor, com frio, com medo, você também não dorme.
Se durante o dia inteiro você não teve a possibilidade de fazer nada espontâneo, tudo foi feito sob ordens de alguém, você se aborrece.

Se as pessoas com quem você convive não aceitam nenhuma das suas ideias, você se sente incapaz.

Se você tenta expressar seus sentimentos de todas as formas que conhece e não se sente compreendido, você se enraivece.
Talvez você aceite a comer o que não gosta.

Talvez você aceite a comer sem fome.

Talvez você aprenda a dormir com medo.

Talvez você aprenda a dormir sem sono.

Talvez você encontre alguém que te compreenda.

Talvez você desista.
Retirado daqui

23 de agosto de 2013

Medo do parto: como lidar com isto?

Texto muito bacana que compartilho com vocês!


Tremer só de pensar em ter contrações. Achar que o bebê pode nascer com algum problema grave, apesar de o ultrassom mostrar que está tudo bem com o pequeno. Entrar em pânico quando imagina a dor que pode sentir ou as infinitas complicações que ameaçam uma gravidez. Se você já passou por uma dessas situações, bem-vinda ao clube! Saiba que temores como esses são compartilhados pela maioria das mulheres que esperam um filho e, embora mais acentuados na primeira gestação, assombram também quem já não é marinheira de primeira viagem.
Pode parecer exagero uma vez que o avanço da medicina e dos exames de pré-natal permite hoje detectar e evitar precocemente riscos para a mãe e a criança. "Mas não é só uma questão racional. Esses medos fazem parte do psiquismo feminino", explica a psicóloga Eliane Rovigatti Gasparini, de São Paulo. Simbolicamente, eles trazem à tona questões do inconsciente da futura mãe, como receios em relação às mudanças provocadas pela chegada de um novo membro na família.
A boa notícia é que você pode romper esse círculo de ansiedade, angústia e medo. "O caminho é um acompanhamento pré-natal benfeito, muita conversa com o obstetra e acesso a informações confiáveis. Afinal, grande parte dos problemas que podem complicar a gestação e o parto é controlável, desde que a mulher siga corretamente as orientações do médico", garante a ginecologista e obstetra Alessandra Mara Palma, de Santo André (SP).
Veja quais dos medos a seguir andam tirando o seu sossego e como se proteger deles.
...de sentir dor
"Seja no sistema de saúde público, seja no particular, cerca de 80% das gestantes chegam ao consultório pedindo uma cesariana por medo de sofrer", constata Alessandra. É verdade que a dor das contrações faz parte do processo natural do nascimento, mas ela pode ser amenizada e controlada com técnicas de respiração, caminhada, relaxamento na água e anestésicos.
O que você pode fazer: desde já, matricule-se em um curso de gestante e aprenda a controlar a respiração. Na escolha da maternidade, leve em conta os recursos disponíveis para seu relaxamento durante o pré-parto, como hidromassagem e um espaço para andar. "Convocar o marido e familiares próximos para fazer companhia na hora H também ajuda a lidar com a ansiedade da reta final", afirma Eliane.
...de que o bebê tenha malformação
Os receios mais comuns são de que o bebê apresente problemas graves no sistema nervoso, como anencefalia, alterações cromossômicas, como a síndrome de Down, ou malformações de órgãos e membros.
O que você pode fazer: o ultrassom é o primeiro passo para a triagem desses problemas. Se houver motivo para desconfiar de que algo está errado, entram em cena os exames de medicina fetal, como a amniocentese, capazes de detectar com maior precisão a ocorrência de síndromes genéticas. Mas não se assuste: essas síndromes não são frequentes - o risco de Down, por exemplo, é de um caso a cada 80 gestações entre mulheres de 40 anos, mais sujeitas ao problema devido ao envelhecimento dos óvulos. O ultrassom morfológico e o 3D mostram se está tudo bem com mãos, pés e órgãos internos. "Quanto às malformações neurológicas, os suplementos de ácido fólico ajudam a evitá-las. O ideal é começar três meses antes de engravidar e continuar até o final do primeiro trimestre de gravidez", indica Alessandra.
...de não saber se chegou a hora
É natural que você fique ansiosa e tenha medo de confundir as sensações quando chegar o grande dia. Por isso, é importante aprender (principalmente no primeiro parto) a reconhecer os sinais de uma possível chegada do bebê. Ligue para o obstetra se:
· Ocorrer a perda do tampão, mucosidade viscosa que protege a entrada do útero - ela pode apresentar sinais de um leve sangramento, o que é normal;
· Sentir contrações uterinas (quando a barriga endurece) a cada cinco minutos;
· A bolsa se romper e liberar o líquido amniótico - ele é quente e tem um leve odor de água sanitária.
O que você pode fazer: para evitar atropelos, escolha a maternidade e prepare a mala cerca de um mês antes da data prevista para o parto. Deixe também o telefone do médico à mão. Assim, diante de um desses sinais, você ganha tempo, pois já sabe aonde ir.
...de que ele esteja com o cordão enrolado no pescoço
Em 20% dos casos, o bebê chega à reta final com o cordão enrolado no pescoço ou em torno do corpo. "Mas, na hora do parto, o médico desfaz facilmente essa circular após a saída da cabeça do recém-nascido", afirma a ginecologista e obstetra Fernanda Couto Fernandes, de São Paulo. Em situações extremas, se houver risco de sufocamento, uma cesárea resolve.
O que você pode fazer: basta seguir a rotina do pré-natal. Pelo ultrassom, o médico avalia se a circular está dificultando a descida do bebê pelo canal vaginal e age antes que a oxigenação dele fique comprometida.
..de perder o bebê
Se foi tudo bem na gravidez, é difícil algum imprevisto ameaçar a criança no nascimento. Uma complicação perigosa e que pode pegar a equipe médica de surpresa é a vasa prévia, na qual há o rompimento dos vasos que ligam a placenta ao feto. Isso acontece quando rompe a bolsa e é percebido pela queda dos batimentos cardíacos do pequeno, devido à perda de sangue pela mãe e pelo bebê. É raríssimo acontecer, e uma cesárea de emergência pode salvar a vida da criança. Há risco também em quadros de sofrimento fetal, quando a nutrição e a oxigenação do pequeno são insuficientes. Há mais perigo para filhos de mulheres fumantes, diabéticas, hipertensas e com problemas cardíacos. Outro gatilho pode ser o descolamento precoce da placenta, também mais comum nesse grupo de gestantes e naquelas que sofreram traumas na região da barriga. Um sinal de sofrimento fetal é a presença de mecônio (o cocô que o bebê faz dentro do útero) no líquido amniótico.
O que você pode fazer: é  bom ficar vigilante desde o início do terceiro trimestre. Sangramento, dor na barriga e diminuição na movimentação do bebê por mais de 12 horas são motivos para procurar um hospital. O exame do líquido amniótico e o cardiotocógrafo (aparelho que avalia os batimentos cardíacos do feto) indicarão se está tudo bem com o filhote.
...de morrer no parto
A maioria das complicações que ameaçava a vida das grávidas da geração das nossas avós é hoje contornável. Se o bebê for grande demais ou estiver em uma posição ruim que impeça o parto normal, por exemplo, dá para ver pelo ultrassom e tentar uma manobra na hora do nascimento ou optar pela cesárea. O que merece atenção especial é o risco de eclampsia. A causa não é de todo conhecida, mas os médicos acreditam que ela se manifesta quando o organismo materno ataca a placenta produzindo anticorpos contra ela. O problema pode se instalar a partir da 20a semana de gestação e desencadeia sintomas como hipertensão, retenção de líquidos, inchaço excessivo e alterações hepáticas e renais. É mais frequente entre grávidas com menos de 18 e acima dos 35 anos.
O que você pode fazer: procure imediatamente o obstetra caso note inchaço excessivo em pés, mãos e rosto. Descarte o cigarro, que aumenta o risco de complicações e prejudica a nutrição e a oxigenação da placenta. E, acima de tudo, organize-se para não furar no pré-natal. Se uma pré-eclampsia é diagnosticada cedo, dá para manter o mal sob controle. Agora, se você definitivamente não vive uma situação de risco dessas e, ainda assim, tem um medo exagerado de morrer no parto, a saída pode ser uma terapia. "Dependendo da intensidade dos temores, é o único jeito de restabelecer a calma", diz Eliane.

14 de agosto de 2013

PARIR E GOZAR - Numa reportagem sem vergonha, a relação entre maternidade e sexualidade!

Um texto excelente e tive que compartilhar. Porque parto e sexo andam juntos, sem mas, sem vergonha! LEIAM
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Prepare-se para quebrar o paradigma de que parir é sofrer. Pela primeira vez numa revista feminina brasileira, a relação entre maternidade e sexualidade – sem tabus


Kalu Brum tem 29 anos e é mãe de Miguel, nascido há dois de forma natural. Ninguém melhor do que ela para descrever o parto: “Lembro da sensação quente, do escorregar daquele pequeno corpo pelas minhas entranhas. Eu estava ali, nua, fêmea, selvagem, desfrutando do prazer mais intenso que já vivi. Um longo orgasmo selou sua passagem para esta vida, quebrando com o paradigma de que nascer é sofrer”.
Gozar no parto, como assim? Qualquer menina com mais de 15 anos sabe a resposta sobre “a pior dor que existe”: “A do parto, claro!”. Mas, para as mulheres que passaram por uma experiência de parto natural, há uma opinião unânime: é possível sentir as contrações com prazer. Isso porque a mulher, assim como cada fêmea do reino animal, possui um sistema reprodutivo perfeitamente organizado para a manutenção da espécie, garantindo que gestar e parir sejam experiências seguras – e até prazerosas. Num parto normal, livre de intervenções médicas, o organismo se encarrega de produzir os próprios analgésicos. Tudo bem, isso você já sabe, já viu no Discovery Home and Health, já leu no blog de uma amiga natureba. Provavelmente, porém, você desconhece mulheres que relatam verdadeiros orgasmos durante o parto. “É lógico que a mulher pode ter uma experiência prazerosa e estimulante ao parir. Nem todo parto resulta num orgasmo, mas se tudo ocorrer de forma equilibrada, e a mulher não fizer uso de analgesia, é perfeitamente possível que ela tenha um momento de grande prazer, principalmente na hora da expulsão do bebê”, afirma Carlos Czeresnia, ginecologista obstetra que acompanha partos há 35 anos e que, entre outras coisas, foi chefe do setor de ginecologia do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas/FMUSP e é especialista em reprodução humana. “Os movimentos de distensão e contração do períneo no momento em que o bebê vai sair são muito semelhantes à sensação do orgasmo. E o cérebro interpreta esses estímulos neurais com respostas de prazer. O parto e o orgasmo percorrem o mesmo caminho neurológico”, completa.

Jato de prazer
O assunto, tratado como tabu por muito tempo, tem vindo à tona em conversas de recém-mães. E também por causa de um documentário que rodou os festivais de cinema do mundo, o Orgasmic Birth (veja box). “O parto é um ato fisiológico e não cirúrgico. Durante o trabalho de parto, o principal hormônio produzido, responsável pelas contrações do útero, é a ocitocina, liberada em situa­ções de prazer. Esse hormônio é produzido em jato, por exemplo, durante o orgasmo feminino e também na amamentação”, esclarece. Adaílton Salvatore, ginecologista obstetra, especialista em homeopatia e acupuntura. Com mais de 1.600 partos no currículo – 65% deles normais – e passagens por maternidades na França, na Alemanha e na Inglaterra, o médico explica que, durante o trabalho de parto, muitas glândulas funcionam ao mesmo tempo e são muitos os hormônios atuantes. Entre eles, estão os opioides endógenos, cuja molécula, semelhante à do ópio, provoca um estado de euforia, alegria, leveza. “Nesse contexto, o parto pode ser visto como um rito de passagem.”

Respira e goza

Para sentir prazer no parto, a mulher não pode ter medo. A sensação de perigo alerta o cérebro, que acaba por produzir mais adrenalina – inibidora da ocitocina –, deixando corpo e mente sob estresse. Mas medidas simples podem ser tomadas para que tudo aconteça de forma equilibrada, permitindo que o sistema límbico, parte mais primitiva do cérebro, produza as substâncias necessárias a essa orquestração hormonal. “Um parto próximo do ideal é aquele em que a mulher pode esquecer a razão, se desligar do funcionamento racional do cérebro, representado pelo neocórtex”, explica a psicanalista Vera Iaconelli, do Instituto Sedes Sapientiae. “A mulher tem direito a relaxar, a não ser interrompida, a ficar em contato com o seu corpo. O trabalho de parto implica um funcionamento muito primitivo, que ocorre em situações excepcionais, como durante o sexo”, compara.
Geralmente expostas a ambientes com luz forte, barulhos, gente entrando e saindo, as parturientes não conseguem relaxar: “Não dá para ter prazer no parto com medo, assim como não dá para ter prazer no sexo se estiver amedrontada. Para ter prazer sexual você precisa de intimidade. Só assim é possível desligar o neocórtex. Sob pressão, ninguém tem prazer”, ressalta Ana Cristina Duarte, doula (profissional que garante o bem-estar da mulher durante o parto) e parteira formada no ano passado na primeira turma do curso superior de obstetrícia da USP, rea­berto em 2005 após 33 anos de extinção.
Sheila Ribeiro, quando pariu sua segunda filha, estava no lugar mais íntimo do mundo, sua casa. Ela já tinha sentido um orgasmo durante a expulsão da primogênita, Thalita. Mas a dilatação ocorreu de maneira tão rápida e indolor no segundo parto que Naiara nasceu de repente, desassistida por médicos e enfermeiras. “De cócoras, tive o maior orgasmo da minha vida, com aquela sensação que partiu da vagina e percorreu meu corpo inteiro, da ponta do dedão ao último fio de cabelo”, confessa. A advogada, hoje com 49 anos, atribui a “maravilhosa experiência” ao seu estilo de vida saudável, à prática de exercícios, ao tratamento homeopático. Sua teoria encontra respaldo na maneira como pensa – e trata as pacientes – o doutor Adaílton. Para ele, o primitivo está completamente esquecido hoje, afinal, vivemos na era da razão. “Pensamos: ‘Para que caminhar, se posso ficar em casa e produzir algo?’. A atividade física perdeu para a intelectual. Nesse clima competitivo, a mulher vive sob adrenalina, fabricando mais testosterona”, afirma o médico, que argumenta que o sistema imunológico de muitas mulheres está desvitalizado. Atribui isso ao estilo de vida da maioria da população, que come alimentos refinados, pobres em oligoelementos (microminerais fundamentais para a formação de enzimas vitais). “Tudo isso altera nossa fisiologia. O trabalho de parto é uma maratona, o organismo precisa estar bem. Ouça os gritos de uma mulher durante o parto: são guturais. Urros instintivos que emergem da parte mais primitiva de seu cérebro.” 
Armadilha
Debra Pascali-Bonaro, doula há 26 anos, mãe de três filhos de parto natural, conhece essa história: “O parto possibilita uma nova perspectiva de si mesma. As mulheres que têm um parto prazeroso sentem-se confiantes, conscientes de seus poderes. Temos que questionar o sistema que medicalizou o parto, pois muitas mulheres perdem a oportunidade, profundamente transformadora, que pode ser dar à luz”, diz a americana, autora do documentário Orgasmic Birth. 
Assim como Debra, as 15 mulheres ouvidas para esta reportagem concordam que, muitas vezes, os esquemas dos médicos acabam impedindo que a mulher experimente esse prazer. Ao mesmo tempo, elas constatam que isso também pode virar uma armadilha. Além de “ter que” ser linda, superprofissional, boa mãe, ter parto normal, só faltava a mulher “ter que” sentir prazer ao parir: “A ideia é resgatar a naturalidade do parto e, assim, também a sexualidade inerente a ele. Mas idealizá-lo pode gerar frustração”, destaca Vera, seguida por Ana Cris, a doula: “É perigoso colocar o orgasmo como um objetivo”. Entenda-se: para permitir que o menor diâmetro da cabeça se molde para atravessar a pelve materna, o bebê costuma se virar em algum momento. “Ao passar pelo canal de parto (vagina), ele apoia a parte de trás da cabeça, o cocuruto, bem onde está o clitóris, para fazer um movimento rotativo e poder sair. Esse apoio se dá em uma região repleta de receptores de prazer. Além disso, a cabeça do bebê funciona como um rolo compressor, relaxando e tonificando os músculos da pelve”, explica o doutor Adaílton.
Professora da técnica corporal Alexander, Ana Thomaz, 42 anos, gargalhava durante as contrações: “Eu não acreditava que estava tendo um parto orgásmico! Já tinha ouvido falar nisso, mas não nutri nenhuma expectativa nesse sentido”, conta. Talvez tenha sido justamente essa falta de expectativa que a tenha levado a um parto prazeroso. “A gestante precisa buscar informações além dos consultórios. Muitos médicos desestimulam o desejo de um parto normal, então é melhor encontrar um profissional que abra o maior leque de possibilidades”, aconselha a psicanalista Vera.
Tão imprevisível quanto o prazer ao amamentar, capítulo seguinte ao parto, quando muitas mulheres se assustam ou se envergonham da sensação prazerosa que têm ao dar de mamar. “Por que a natureza colocou receptores de prazer no mamilo? A mama é para o filhote e a mulher deve, sim, sentir prazer. Todos esses hormônios que ela produz, a endorfina, a ocitocina, vão para o leite do bebê”, afirma Ana Cris, antes de concluir: “Mas a amamentação é politicamente correta, cena plácida, que recebe campanhas de incentivo. Mas prazer no parto? Como assim, é louca?”.

SEGREDO BEM GUARDADO

Após trabalhar por mais de duas décadas assistindo partos, a doula e educadora perinatal Debra Pascali-Bonaro percebeu que a mídia norte-americana tratava o nascimento como uma questão de emergência médica. “Por que ninguém falava sobre a natureza sensual do parto, do êxtase que ele pode proporcionar?” Começou, então, a falar do assunto para pequenos grupos de gestantes. Mas não estava satisfeita, queria contar para um grande número de pessoas. E foi dormindo que Debra teve o insight. “Tive um sonho com o filme e, quando acordei, tinha encontrado a fórmula!” Ao registrar o aspecto sexual do nascimento através da história de 11 casais que optaram pelo parto normal, o filme, intitulado Orgasmic Birth, causou comoção no circuito mundial de festivais quando foi lançado, em 2007. Foi exibido, inclusive, durante o Festival do Rio 2008. “Já rodou em 31 países. Não tinha ideia de que este seria um assunto de tanto interesse no mundo todo”, diz Debra. “Acho fundamental que os casais grávidos ouçam histórias de quem teve um parto prazeroso. Ao assistir ao filme, uma nova perspectiva se abre a quem espera uma criança. Brinco que o documentário revela um segredo bem guardado. Afinal, se a mulher não conhece suas opções, então ela não tem nenhuma.” Vai lá: www.orgasmicbirth.com

“SENTIA QUE TINHA VIRADO BICHO”
POR DANIELA BUONO*

“Passei dias trabalhando na edição de um vídeo que quase me enlouqueceu. No dia da entrega, fui ao banheiro e, de repente, chuáááá: ‘Caraca, a bolsa estourou!’. Fiquei aflita e chamei o editor. ‘Fala sério, Dani! Não tenho a menor ideia do que fazer numa hora dessas.’ Nem eu tinha. Fiquei lá mais um pouco, sentada, retomando as lições aprendidas nos últimos meses. Estava com 36 semanas e três dias, o que significava que minha bebê ainda estava prematura. O que seria do meu sonho de ter um parto natural? ‘80% a 90% de chance de ser um parto normal’, disse o médico. ‘Mas precisamos que você entre em TP (trabalho de parto) nas próximas 24horas’, completou. Flávio me pegou e fomos para a maternidade. Tomei um banho e me sentia tão feliz... Parecia que estava me preparando para casar. Tinha certeza de que daria tudo certo!
A doula me aconselhou a relaxar porque a adrenalina podia atrapalhar a ação da ocitocina, o hormônio que eu precisava produzir para começar o TP. As contrações já estavam fortes, mas suportáveis. Senti um imenso prazer por perceber que a hora estava chegando. Sentia dor, mas também prazer e muita emoção. A cada contração, uma força maior me atravessava. E essa força ia, pouco a pouco, me conectando a todas as minhas ancestrais, como se elas estivessem me contando um segredo. Procurava toda hora os olhos do Flávio, como se precisasse passar um pouco daquela energia pra ele.
Aí a dor aumentou muito e eu já não achava posição. Os gemidos aumentaram, eu estava começando a temer aquela dor. Parecia mais forte do que eu. Fui para o chuveiro e algo sobrenatural aconteceu: sentia que tinha virado bicho. Não havia mais razão, eu era puro instinto! Estava concentradíssima em me deixar abrir para o neném passar. Finalmente, dilatação total. Numa determinada contração, senti o tal anel de fogo, a bebê passando pela vagina. Fiz o dobro de força. Dei um grito e senti um enorme alívio: passou cabeça e corpo de uma vez. ‘Nasceu, Dâ! Nasceu a Maria Clara, meu amor!’, disse o Flávio, superemocionado. Na hora em que ela saiu, ele começou a gemer de êxtase...”

* Daniela Buono
, 35 anos, é jornalista, roteirista e diretora de vídeo. Além de Maria Clara, de 4 anos, é mãe de Bebel, de 1.
NATURAL?
POR DENISE GALLO*

O parto é um momento de intimidade. Intimidade da mulher com seu corpo, da mulher com seu parceiro, da mulher com seu bebê. Da mulher com seu médico, com o assistente do médico, com a enfermeira, a outra enfermeira, o anestesista, o fotógrafo, o cameraman e, eventualmente, a plateia de amigos e familiares emocionados, que se posta do lado de fora do vidro para ver o show da vida começar. A falta de privacidade é só um dos desafios da experiência. Há ainda que abstrair-se da luz forte, dos sons estranhos, dos instrumentos ameaçadores dispostos na bancada, do medo que o médico tenha outro compromisso etc. etc.
Mas não é sempre assim. Muitas mulheres fazem escolhas – aquelas que podem escolher – para contar com tempo, espaço e dinâmicas que cooperem com o desejo por uma experiência mais intimista e menos intervencionista, em que o corpo avance até o nascimento de forma natural. A busca pelo que é natural poderia ser um movimento simples, intuitivo… natural. Física e emocionalmente. Cada um a seu tempo, em contato com novas sensações, imprimindo seus próprios significados às experiências vividas. Mas as práticas naturais da vida também já foram colonizadas. Ao parto natural e à maternidade já foram coladas narrativas-modelo, ultraidealizadas, que dão forma ao que viver e sentir. Mulheres-deusas, no mínimo. Nas articulações desse mecanismo, um paradoxo: é preciso aprender a ser natural. Cursos, livros, terapias, produtos. Mas o que há tanto a aprender se é para ser natural? Ou seria mais o caso de desaprender? Desaprender, para resgatar a natureza feminina, essência de toda mulher? Aí começa um outro problema…

Ser mãe para ser mulher
A natureza feminina é um conceito perigoso. Dissemina-se na figura da mulher “misteriosa”, que poderá ser decifrada a partir dos seus hormônios. As feministas se dedicaram a desconstruir essa noção, lá no século passado, separando sexo biológico e gênero e mostrando que muitos dos comportamentos femininos tidos como “naturais” são, na verdade, produtos da cultura. Mas na mídia, por exemplo, o mito da natureza feminina sobrevive forte e saudável, em discursos pontuados por novíssimas pesquisas biomédicas ou por curiosas formulações evolucionistas. Nos domínios desse mito está o mais incisivo dos imperativos que recaem sobre a mulher: só é mulher de verdade aquela que é mãe. Não quer casar? Muito interessada em seu trabalho? Gostando da sua vida sem filhos? Tudo bem, tudo ótimo, mas aguarde, porque, no frigir dos óvulos, o relógio biológico vai cobrar a conta.
Parece rigoroso e cruel com aquelas que escolhem trilhar outros caminhos, desobedientes à tarefa de procriar. Precisamos aprender a refletir criticamente sobre os muitos discursos impositivos, sobre o que é ser mulher e como ser mulher. E, mais ainda, motivar esse pensamento crítico nas filhas dos partos naturais que um dia escolhermos, SE escolhermos ter.

* Denise Gallo
, 38, é sócia da Uma a Uma, empresa de inteligência de mercado especializada em comportamento feminino: blog.umaauma.com.br. Seu e-mail: denise@umaauma.com.br

12 de agosto de 2013

Parto Domiciliar Planejado: algumas coisas que talvez você não saiba - por Ana Cristina Duarte

ANA CRISTINA DUARTE, OBSTETRIZ PELA USP E INSTRUTORA EM CAPACITAÇÃO DE DOULAS, É COORDENADORA DO GRUPO DE APOIO À MATERNIDADE ATIVA (GAMA).


google imagem
Vejo muita gente dando palpite sobre parto domiciliar, especialmente profissionais de saúde, onde demonstram claramente que não fazem a menor ideia do que estão falando. Ouviram um pássaro cantar e já vão falando que é o Galo da Serra, sem nunca terem nem ouvido esse canto, muito menos visto a espécie. Achei por bem enumerar alguns fatos sobre o parto domiciliar planejado (PDP) que podem derrubar alguns mitos.


1) Qual gestante pode ter um PDP?
Gestantes saudáveis, com pré natal sem intercorrências, com um bebê único, posicionado, com mais de 37 semanas, com trabalho de parto espontâneo (não induzido)

2) Até onde vai o PDP? Ou até quando a gestante não pode mais mudar de ideia?
Vai até onde estiver seguro e sem intercorrência ou sem suspeita de possível intercorrência. Batimentos cardíacos fetais normais, mãe em boas condições. A qualquer sinal de possível intercorrência, a opção de retaguarda será acionada e o parto passa a ser hospitalar. A gestante pode mudar de ideia a qualquer momento e ir para o hospital para analgesia ou o que mais quiser.

3) Como se sabe que está tudo bem?
Através dos controles periódicos dos batimentos cardíacos do bebê e dos sinais vitais maternos, o que ocorre durante todo o trabalho de parto.

4) Como esteriliza a casa ou o quarto para o parto?
Isso não existe, nem no hospital, nem em casa. O que se faz no hospital é a limpeza da sala entre um parto e outro com materiais de limpeza, mas a única coisa que é esterilizada no hospital é o que entra em contato com o parto em sim, com as cavidades, cortes, etc. Em casa é a mesma coisa, o que for entrar em contato com "aberturas corporais" estará esterilizado. A questão que preocupa na contaminação hospitalar é o contato da gestante com virus e bactérias que causam doenças e que sempre estão presentes em ambientes hospitalares. Em casa essas bactérias não existem, não houve cirurgias anteriores, tratamento de doentes, nada disso. 

5) Mas e o pós-parto? Como fica a bagunça do parto? Quem cuida do bebê?
Após parto a equipe limpa toda a casa e elimina todos os vestígios do atendimento, materiais com sangue, restos, etc.. Com relação ao bebê, assim como no hospital, após ser examinado e vestido, ele fica sob cuidados dos pais em alojamento conjunto, o mesmo ocorre em casa. Os profissionais farão as visitas pós-parto e estão de prontidão para uma visita imediata durante toda a semana posterior ao parto.

6) Quem é o profissional que atende esses PDP?
Enfermeiras obstetras, obstetrizes e médicos podem atender esses partos. Doulas não podem atender partos, elas podem dar assistência emocional, apoio, mas não atendem os partos. As equipes são compostas pelo menos de um profissional desses anterioremente citados, podendo chegar a três profissionais, sendo que todos são capacitados para o atendimento de emergências obstétricas e reanimação neonatal

7) Quais procedimentos podem ser feitos num PDP?
Nenhum procedimento. Para acelerar, induzir, usar fórceps, etc, a gestante é levada ao hospital.

8) O que esses médicos/enfermeiras/obstetrizes levam para o atendimento em casa?
Todo o material estéril (agulhas, seringas, campo estéril para sutura, agulha de sutura, anestésico local, material de sutura, luvas, antisséptico, etc).
Todo o material de reanimação neonatal (tapete aquecido, ambu, máscara, cilindro de oxigênio, material de aspiração, material de transferência, etc).
Todo o material para emergência pós-parto materna (soro, material de punção venosa, drogas anti-hemorrágicas, etc).

9) Tem ambulância na porta?
Não, nenhum país que tem atendimento de parto domiciliar tem ambulância na porta. Essa é apenas mais uma lenda urbana sobre parto em casa.

10) E se acontecer alguma coisa?
Vamos separar o que seria esse "alguma coisa", para facilitar.

a) Com o bebê: se precisar de reanimação, reanima-se em casa, como numa sala de parto qualquer, com ventilação positiva. São as mesmas técnicas e materiais. Mas e se for tão grave que precisar adrenalina? Bebês saudáveis, de pré natal saudável, em partos naturais de termo sem intervenção não necessitam adrenalina. Olhe retrospectivamente para todos os casos de adrenalina e você verá que eram partos prematuros, ou bebês doentes, ou partos absurdamente medicalizados. Se ele tiver alguma malformação inesperada e grave, ele será mantido sob ventilação e transferido para um hospital com UTI neonatal, tal qual se faz em qualquer hospital ou cidade onde não existe UTI neonatal.

b) Com o parto: se for parto pélvico de surpresa, deixa-se nascer com as técnicas normais de parto pélvico; se for distócia de ombros, resolve-se igualmente com as mesmas manobras hospitalares; se precisa de fórceps é porque já era um parto complicado, transfere-se ao longo do parto; se os batimentos não forem bons, transfere-se; se houver mecônio em baixa quantidade e batimentos normais, aguarda-se o parto; se houver muito mecônio ou batimentos anormais, transfere-se.

c) No pós parto: se houver hemorragia, corrige-se com ocitocina, ergotrate e reposição de líquido; placenta retida, transfere-se para remoção no hospital; atonia uterina não é uma entidade de partos normais sem medicalização, mas em tese tranfere-se também. Se houver laceração, os três profissionais têm autorização, técnica e material para suturar sob anestesia local em casa.

11) E dá tempo de resolver?
Os estudos internacionais sobre PDP com equipe experiente mostram que o risco de mortalidade/morbidade não muda em casa ou no hospital e que o PDP é uma opção segura para gestantes de baixo risco. Isso não quer dizer que nada pode acontecer. Mesmo em países com baixíssima taxa de mortalidade, cerca de 1 a cada 500 bebês não viverá fora do útero. E isso poderá acontecer em casa, no hospital, no Brasil, na Dinamarca, nos Estados Unidos.

12) Mas estar no hospital não faz tudo ser bem mais rápido?
Na prática e em geral não. Tirando raras exceções, uma cesariana "de emergência" vai ocorrer num prazo aproximado de 30 minutos, às vezes até 1 hora, às vezes mais. A maioria dos hospitais brasileiros não possui anestesista de plantão, ou não há um disponível e livre o dia todo, nem mesmo uma sala de cesariana pronta e reservada. A idéia de que o hospital é um lugar onde tudo está pronto e disponível é irreal e mora mais no imaginário popular do que no bloco cirúrgico.

Mais informações sobre PDP: