30 de novembro de 2011

Bolsa rota: qual a conduta adequada?


Mas afinal, qual a conduta adequada em caso de bolsa rota? A Dra. Melânia Amorim responde:
“A conduta na bolsa rota depende da idade gestacional, mas presumamos que estamos falando de um bebê a termo. Existem duas possibilidades de conduta:
a) Ativa, isto é, indução do parto, e
b) Expectante (aguardar início do trabalho de parto).
Há uma revisão sistemática da Cochrane mostrando que a conduta expectante aumenta o risco de infecção materna e neonatal, mas o risco absoluto é baixo, e a conduta deve ser discutida com as mulheres, individualizando-se os casos. Em relação a quanto tempo esperar, isso varia de serviço para serviço. Na literatura encontramos períodos variando entre 12 e 96 horas. Caso se resolva manter conduta expectante, a chave para um bom resultado é NÃO TOCAR, não ter relações sexuais e monitorar sinais clínicos e laboratoriais de infecçãobem como a vitalidade fetal. Quando há rompimento de bolsa, uma parcela significativa das mulheres (em torno de 70-80%)irão entrar em trabalho de parto nas primeiras 12 horas
Em resumo, a decisão de procurar ou não imediatamente o serviço de saúde irá depender da mulher, se ela combinou esta eventualidade com o obstetra, se está disposta a aguardar, se aceita o risco de infecção etc. Se houver presença de mecônio no líquido amniótico, é sinal de alerta – neste caso sim, ela deve procurar imediatamente o cuidador. Em minha opinião,  AVISAR o obstetra sempre deve ser feito -  se a mulher não confia no obstetra e tem medo de que ele faça uma cesárea por bolsa rota, nem deveria estar com este obstetra, não?
Dra. Melania Amorim, ginecologista e obstetra (imagem: arquivo pessoal)
A profilaxia (aplicação medicamentosa) para estreptococo do grupo B deve ser feita intraparto nas mulheres EGB positivo, ou se o estado EGB for desconhecido (cultura não realizada) naquelas com fatores de risco, ou seja: ruptura prematura das membranas por mais de 18 horas, febre materna intraparto, idade gestacional menor que 37 semanas, RN anterior acometido por sepse por EGB ou cultura urinária positiva para EGB na gravidez (mesmo tratada).”
Melânia Amorim é ginecologista e obstetra, Dra. em Tocoginecologia pela UNICAMP, professora da Universidade Federal de Campina Grande e membro da REHUNA (Rede pela Humanização do Nascimento) no Brasil.

24 de novembro de 2011

Artigo: Bom para o médico, ruim para o bebê!


Pela primeira vez, os nascimentos por cesariana superam o número de partos normais.  Os dados, obtidos por um levantamento do jornal Folha de S. Paulo, mostram que 52% dos nascimentos ocorrem por cesariana. Para Nádia Narchi, uma questão de mercado está prevalecendo sobre a saúde e bem-estar da mulher.
Isso porque as cesarianas são muito mais cômodas aos disputados horários do doutor: enquanto o trabalho de parto normal dura cerca de 8 horas, a cesárea pode ser feita em 45 minutos. Ou seja, o médico faz seu tempo render e tem um retorno financeiro muito maior.
Narchi coordena o curso de Obstetrícia na Universidade de São Paulo (USP) e aponta que a formação do médico pode explicar essa conduta. ” É a elite da elite que faz medicina hoje, que não tem vivênca com a medicina comunitária”, diz ela. Ou seja, o estudante já entra na faculdade pensando no retorno financeiro. Muitos, diz ela, são filhos de médicos que sairão da escola com consultório pronto. Esse profissional não terá a disposição para fazer plantão, trabalhar a noite, no final de semana.
Daphne Bergo Paiva vice-presidente da ONG Bem Nascer, em Belo Horizonte (MG), promove encontros com gestantes para esclarecer aspectos do nascimento em parques da cidade. Ela afirma que existe um mito entre as mulheres de que o parto normal é mais doloroso que a anestesia. Mas, lembra ela, a cesariana pode trazer consequências graves para as mães e seus filhos. Muitas mulheres reclamam de dores abdominais muito tempo depois de realizada a cesariana.
“Muito partos são marcados de acordo com a conveniência do médico e da mãe, mas não do bebê”, diz ela. Com isso, algumas crianças nascem antes do tempo, prematuras. “Bebês nascem com desconforto respiratório por terem sido retirados da barriga antes do tempo”, diz ela. O  parto por cesárea pode ser muito mais agressivo à mãe. “Há uma falsa impressão de que não existe dor na cesariana porque a mulher está muito anestesiada”, diz. Além disso, são recomendados uma série de medicamentos para a mulher no período pós-natal.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que apenas 15% dos partos sejam feitos por cesariana. No Brasil, este número é de 52%. O levantamento mostrou também que o valor é superior na rede privada. Enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS)  é de 37%, no setor privado chega a 80% dos nascimentos. Segundo Paiva, a estrutura do SUS não permite que mulheres marquem com antecedência seus partos. Ao chegar ao hospital, a gestante é atendida por um plantonista. A cesariana só ocorrerá se houver complicações no procedimento normal. “No SUS, há muitas pacientes pedindo cesariana, mas o procedimento está sendo usado com mais critério.”
“O maior medo é o de que a dor seja insuportável”, comenta Paiva. Sua ONG tenta orientar mulheres sobre métodos que tornem a experiência prazerosa. Algumas massagens e exercícios contribuem para que o parto transcorra mais facilmente. Segundo ela, falta um atendimento mais respeitoso às mulheres. Permitir que a mãe tenha um acompanhante e que possa andar na sala de parto ajuda a diminuir a dor e acalmar a paciente.
Da mesma forma, o curso de Obstetrícia visa formar parteiras gradudas para auxiliar justamente no trabalho normal. O problema, afirma Narchi, é que falta iniciativa do governo e rede privada para gerar empregos para essas mulheres. ” Culturalmente nesse país os médicos mandam em tudo”, diz. É necessário que se abra espaço dentro deste universo médico altamente autoritário para um olhar mais repeitoso ao corpo da mulher. “Assistimos a uma medicalização do corpo da mulher”, comenta.
Muitos bebês são tirados da barriga das mães antes do tempo, para que não haja “perigo” de que a mulher entre em trabalho de parto e tenha o filho no procedimento natural. Além da mulher passar por uma cirurgia sem necessidade, os bebês são retirados do primeiro contato com a mãe e vão direto para a incubadora. A especialista afirma que uma em cada quatro mulheres sofre violência institucional no Brasil durante o parto. Sobretudo, violência verbais e  o não oferecimento de medicamentos que aliviam a dor.
Segundo ela, não há no pais uma política de inserção de valorização e profissionais não médicos. Para que o país perca o título de “campeão da cesárea”, diz ela, é necessário que se abra espaço para as casas de parto e parteiras com nível superior que chamarão o médico apenas em último dos casos, se a cesárea realmente for necessária.
Uma política destecnologizada, que vai de encontro a toda a ideologia implantada pelos convênios e hospitais da medicina informatizada e de alto redimento financeiro.

22 de novembro de 2011

Dia do Bebê no Parque e GRANDE MAMAÇO - 27 de novembro de 2011


Dia do Bebê no Parque, que acontecera no dia 27 de novembro (domingo), das 9h30min as 13h30min, no entorno do Espelho d¡¦agua.
A programacao contara com:
-Passeata dos Bebes.
- Shows e espetaculos teatrais infantis, mostra fotografica, atividades circenses, desfiles, personagens infantis e presenca de bonecos.
- Apresentacoes de dancas, oficinas de brinquedos, recreação, hora do conto, arte e muitos brindes.
- Brincadeiras de expressao artistica, circuitos, caca ao tesouro, robotica, brinquedos como cama de bolinhas, cama elastica e inflaveis.
- Servicos a populacao: teste do dedinho (anemia), orelhinha e visao (com doacao de oculos), verificação de pressão, glicose, vacinas, massagem para bebes e mamães, coleta de leite, doacao de sangue e muitos outros.

ATO PRÓ AMAMETAÇÃO - GRANDE MAMAÇO

Quando: 27 de novembro, durante as comemorações do Dia do Bebê no Parque.
Horário: 10hs.
Local: Parque Farroupilha/Redenção, em Porto Alegre/ Espaço Humaniza: Bebê e Família.
Promoção: Flor do Sul e PIM.
Promoção: Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal de Porto de Alegre. Coordenação: Primeira Infância Melhor – PIM/Departamento de Ações em Saúde/Secretaria Estadual da Saúde. Secretarias Participantes: Secretarias de Estado da Educação, da Comunicação, da Justiça e Direitos Humanos, do Trabalho e Desenvolvimento Social, das políticas para Mulheres e da Cultura. Apoio: Gabinete da Primeira Dama do Estado e de POA, UNESCO, Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância (CEDIPI) e Comitê Estadual de Prevenção da Violência.


Confira a programação completa: click aqui

fonte: www.pim.saude.rs.gov.br



EU VOU!! QUEM VAI?

7 de novembro de 2011

O papel do pediatra no nascimento humanizado


Texto maravilhoso!


Por Douglas N. Gomes*

O trabalho do pediatra está completamente inserido no momento do bem nascer. Seu papel é importante para garantir a preservação do que a natureza reserva para mães e bebês no nascimento. Cabe a esse profissional evitar as interferências causadas por procedimentos desnecessários ou inoportunos no nascimento.
Entre as suas atribuições primordiais está a de garantir um contato íntimo, pele a pele, da mãe com o bebê após o nascimento. Além satisfazer a vontade da maioria das mães de ver e tocar seu bebê logo após o parto, esse contato também é a melhor forma de proporcionar o equilíbrio da temperatura e dos sinais vitais do bebê, fato que já foi provado por pesquisas científicas desde 1995.
Hoje sabe-se que quando é garantido um ambiente aquecido e com pouca luz quase todo recém-nascido olha demoradamente os olhos de sua mãe, muitas vezes não chora e se adapta com mais tranquilidade ao novo ambiente menos quente, mais barulhento e com maior força de gravidade do que o uterino.
Está cientificamente comprovado que os bebês que mamam na primeira hora de vida têm maior possibilidade de estender seu período de amamentação exclusiva, chegando com mais facilidade ao ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde de alimentar os bebês exclusivamente ao seio até os seis meses de vida e manter a amamentação, junto com alimentos complementares, até dois anos ou mais.
A essência da assistência humanizada ao parto e ao recém-nascido está em atender da melhor forma possível as necessidades de saúde das famílias nesse momento tão especial da vida. E, ao mesmo tempo, não ceder ao interesse do sistema médico de oferecer recursos tecnológicos muitas vezes desnecessários ou inoportunos para a investigação de doenças e problemas de saúde. Na base da filosofia humanizada está o entendimento da saúde como o bem estar e a felicidade das pessoas. Não apenas como a ausência de doenças.
Se por um lado é certo que evitar, identificar e tratar doenças ou problemas do corpo, da mente e da vida social das famílias fazem parte do papel do médico pediatra, por outro ainda são poucos os profissionais que conseguem identificar as reais necessidades de saúde das famílias durante o parto, o nascimento e a infância.
Para isso, o pediatra precisa ter uma escuta qualificada para questões não médicas e por vezes muito determinantes da saúde dos bebês e das crianças como a história de vida do casal e de suas famílias, as qualificações individuais dos pais para lidar com mudanças ou com situações diversas da vida, a resiliência de cada um, o entendimento que as famílias têm do processo de nascimento e parto, o entendimento individual do processo saúde-doença, a rede de apoio familiar do casal e até os conflitos na relação do casal, que não raro se refletem em problemas para a criança, como por exemplo na dificuldade de amamentação.
Faz parte do atendimento humanizado ao recém-nascido não realizar movimentos intempestivos, que causam choro ou desconforto, em suas primeiras horas de vida. O bebê deve ser manuseado com suavidade e leveza. Algumas ações que refletem essa manipulação delicada e suave são:
• movimentar lenta e delicadamente o bebê após sua saída do canal de parto para conduzi-lo ao colo da mãe;
• enxugar delicadamente com panos preaquecidos a parte de trás do corpo do bebê, que não está em contato direto com a pele da mãe;
• enxugar apenas tocando, sem esfregar a pele do bebê;
• trocar os panos preaquecidos que envolvem o bebê, a qualquer momento, se ficarem úmidos ou encharcados de líquido;
• dar atenção especial ao rosto do bebê, limpando suavemente eventuais resíduos de líquido ou sangue;
• encontrar uma posição mais confortável para o bebê sobre o ventre ou o peito da mãe caso ele chore ou mostre algum desconforto;
• não deixar em nenhum momento o bebê desenrolado ou com partes do corpo descobertas ou expostas ao frio;
• se o bebê nascer na água, aquecê-lo com a própria água morna da banheira, derramando-a suavemente sobre as costas dele;
• aguardar o bebê dar sinais de que quer mamar para posicioná-lo próximo à aréola do seio materno, dando a ele a oportunidade de se movimentar para buscar e abocanhar o peito;
• não interromper o contato pele a pele do bebê com a mãe por motivos banais como a necessidade de mudança de posição da mulher para os procedimentos finais do parto;
• realizar os procedimentos de rotina, como pesar e medir o bebê, apenas depois que ele terminar de mamar ou após o final da primeira hora de vida, se não tiver mamado;
• pesar o bebê enrolado em panos preaquecidos para não expô-lo ao frio;
• fazer o primeiro exame pediátrico com o bebê em ambiente aquecido, com enrolamento parcial, em posição organizada (com os membros agrupados) e com contenção facilitada pelo pai ou familiar;
• dar o primeiro banho do bebê no quarto, enrolado em panos e em posição vertical (dentro do balde) para que ele relaxe e até durma, se quiser;
• oferecer ao casal a possibilidade segura de aplicar vacinas e realizar procedimentos dolorosos no bebê somente após estar acertada a amamentação;
• ouvir os pais e explicar detalhadamente todos os procedimentos e exames necessários para o bebê e sugerir soluções práticas para sua realização;
• dar suporte e resolver todos os problemas relacionados ao manejo da amamentação exclusiva;
• fazer visitas médicas complementares (hospitalares ou em casa, no caso de parto domiciliar), se necessário, para garantir os cuidados adequados e individualizados para cada bebê, de acordo com suas necessidades e os problemas diagnosticados.
Alguns diferenciais do pediatra humanizado:
• disponibilidade para estar presente no momento do parto;
• abertura para ouvir e acolher os questionamentos dos pais com relação à própria conduta, aos procedimentos do hospital ou da equipe;
• assertividade para proteger o bebê de rotinas hospitalares desnecessárias que impeçam um nascimento natural e impossibilitem a amamentação precoce;
• disponibilidade para atender chamados durante o período pós-parto;
• acolher as demandas e vontades do casal quanto a todos os cuidados e procedimentos que serão dispensados ao bebê durante sua estada no hospital;
• oferecer alternativas domiciliares de tratamento após a alta para problemas como dificuldades na amamentação, banho de luz para tratamento de icterícia, além de consultas em casa para pais que assim desejarem nas primeiras semanas de vida;
• disponibilidade para responder a todas as ligações dos pais, sem demora, seja de bebês com poucos dias vida ou de crianças maiores;
• utilizar os diversos meios de comunicação disponíveis como e-mail, programas de troca de mensagens instantâneas e torpedos para agilizar a comunicação com os pais;
• disponibilidade para conversar com pediatras de prontos-socorros onde seus pacientes porventura estejam sendo atendidos em casos de urgência para avaliar em conjunto as condutas médicas que estão sendo tomadas;
• disponibilidade para visitar, quantas vezes necessário, os bebês que precisarem de internação com o objetivo de acompanhar as condutas propostas e sugerir mudanças, além de esclarecer as dúvidas da família e dar suporte emocional aos pais.
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* O autor é médico pediatra e faz parte da equipe de profissionais da Casa Moara.