16 de fevereiro de 2012

Sobre os bebês aparentemente impacientes e brigões com o seio materno

Minhas queridas nutrizes, ou seja, mamães que estão amamentando, leiam com atenção este texto! O começo do aleitamento, pode não ser simples, mas com calmam sabendo que é um momento de aprendizagem, logo, logo, se resolve a situação, ok?! Paciência é a chave de tudo!


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Tenho lido muitos relatos esses dias de mães que se queixam dos seus bebês que parecem "brigar" com o seio. Os relatos são mais ou menos assim:

"Começa mamando, solta o peito, fica irritado, chora, parece empurrar o seio, se distrai, olha para a mãe...Volta a mamar, pára, olha para a mãe, dá uma risadinha, e solta novamente..."

Por que isso acontece?
O primeiro trimestre da vida de um bebê é rodeado por vários desafios: Em reconhecer a mãe, em praticar o processo de sucção, e em se conhecer como ser único. Sua percepção é limitada, onde uma vez que soltam do seio, não conseguem voltar para ele, se perdem. No final desse trimestre, passam a compreender algo que não seja apenas a sua mãe: o ambiente que vive, as pessoas que estão ao seu redor, sons, ruídos, movimentos...E, tudo isso leva à distração. Bebês são curiosos e atentos e estão despertos para captar todo esse mundo ao seu redor.
A concentração da amamentação começa a ser um desafio, onde antes, o seu foco de visão era o seio e o olhar da sua mãe. Mas, de repente, ele percebe que sua mãe não é a única pessoa em sua vida. E, a medida que crescem, tornam-se excelentes sugadores e passam a voltar sua atenção para o externo desta relação.
Essa é a primeira crise, que muitos pediatras chamam da Crise dos 3 Meses. E esse processo de "crises" continua... A próxima, é por volta dos oito meses, onde muitas mães afirmam que o seu bebê quer largar a amamentação, que rejeita o peito. Mas é apenas um desinteresse temporário, uma fase.
As mães acabam se desesperando neste processo, e geralmente se frustrando. Acreditam que não produzem leite suficiente, que o seu leite é fraco e até que o bebê realmente não gosta de mamar. E claro, essa pausa de sucção por parte do bebê, ou o "mamar pouco" reduz a produção de leite e ai, todos esses conceitos passam a ganhar mais força.
A Livre Demanda entra então neste processo como fator determinante para que a saga da amamentação continue. Quanto mais o bebê mamar, mas leite você irá produzir, e, com distração ou não, amamentar é extremamente prazeroso para o bebê, não importa a idade.
Essa distração pode ser "combatida" com um ambiente propício, e claro, se possível aconchegante e calmo (a noite é um momento excelente para isso). Uma voz suave materna é de grande ajuda. Somando a distração do dia, e distração também na fase da introdução dos sólidos, aos seis meses, geralmente se reduz as mamadas diurnas por conta da nova rotina e também, as mães ficam frustradas mais um vez, porque esse processo é lento e gradual e muitas relatam que seus bebês comeram meia colher de comida.
Mais uma vez, a Livre Demanda entra como salvadora neste momento, e, se um bebê tem o hábito de mamar a noite toda, ele acaba suprindo essa complementação em sua alimentação. E a mãe consegue descansar e dormir também, principalmente nas mamadas noturnas. Pense nisso! E fique tranquila que não desencadeia otites e nem cáries (mas, cuide da higiene bucal do seu bebê rigorosamente!).
Amamentar no sling pode ser também uma boa opção. Dependendo da posição que o bebê está dentro dele (deitado) a concentração á mamada se intensifica. O sling é um ninho muito aconchegante. A posição futebol (invertida) induz o bebê e olhar diretamente para você e sua cabecinha ficar apoiada em uma de suas mãos. Aproveite este momento para ter toda a atenção dele: faça carinho, converse, cante. Isso prenderá a atenção dele para você.
Todo este processo é natural e percebem como os bebês precisam ser treinados e orientados o tempo todo? Temos o grande privilégio como mães de direcionar e vivenciar cada fase desse ser que nos foi dado de presente e debaixo da nossa grande responsabilidade de cuidado, mas com uma alma pura e um espírito livre.
Fica muito mais fácil compreender a complexidade do desenvolvimento humano, entendendo cada uma dessas fases como processos de evolução e crescimento e assim, deixaremos de focar em processos de "crises". Não são crises, são evoluções sadias e necessárias.

Por Simone de Carvalho

Disponibilizado aqui

12 de fevereiro de 2012

Relato de Parto da Mariana pela Doula



Mariana e eu nos conheçemos a mais ou menos 6 anos. Fomos colegas na prefeitura e ambas cursavamos Nutrição na época. Quando Mari anunciou a gravidez, fiquei muito feliz! Pois ela foi uma da pessoas que mais me deu força na gestação do Bernardo (não planejada), e desde então sempre mantívemos contato.
Com 34 semanas, se não me engano, Mariana entrou em contato comigo, para falar da escolha pelo parto normal, e que foi graças as informações que disponibilizo no blog, que ela desistiu da cesárea agendada. Conversamos sobre a GO dela, dos desejos que ela tinha em relação ao parto, e disse que a Dra. se mostrou bem atenciosa ao seu desejo. Combinamos então, de nos encontramos para falarmos um pouco mais sobre o meu trabalho. No dia que nos encontramos, conversamos a tarde toda, e ela me disse que era “fraca” para lidar com a dor, e que tinha medo de não conseguir supera-la. Tranquilizei - a, olhamos alguns videos e documentarios, e ficamos de nos falar. Ela iria falar com o marido, e comunicar a GO que tinha uma doula.
Quando nos encontramos de novo, Mariana contou que a GO adorou saber que ela tinha uma doula, e mandou pedir para que ajudasse o Samuel a descer, isso por volta das 36 semanas. Ele já estava encaixado. Disse também que a médica sairia de férias dia 12/ 02, e deu opções se a Mari quisesse que o parto acontecesse com ela, que poderia induzir, já que estava com 2 dedos, ou fazer cesárea. Mas Mari não topou. Nesse dia deixei a bola suiça com ela, mostrei alguns exercícios, e conversamos sobre o plano de parto. Também notei o quão cansada Mari estava, mas também, a mulher não para um segundo!!! Sempre trabalhando!
Fomos em busca de outros GO’s que atendecem o plano dela, para ela não precisar pagar por fora. Mas todos que encontravamos iriam sair ou sairam de férias. Nesta semana, na ultima consulta (acho que foi terça), a GO indicou seu colega obstetra para a Mari. Fiquei receosa, pois não ouvi coisas boas deste GO. Mari só sabia que teria o Samuel do jeito que ela se preparou, nada mais, mas dava uma insegurança pensar em ficar sem suporte.
Haviamos combinado de nos encontrar mais uma vez, pois o tampão estava saindo, e combinariamos mais algumas coisas, pensei e fazer faria uma massagem, a relaxaria bastante e talvez conseguiria conversar com o pai do Samuel (ele tb não para!). Mas não conseguiamos.
Dia 10/02, aniversário do meu afilhado, eu não estava muito bem, e resolvi descansar depois do almoço, pois senti que a Mariana (com quase 40 semanas) me chamaria para dar noticias! Dito e feito. Mariana me ligou as 16 hs preocupada com o pouco sangue que estava saindo. Tentei tranquiliza-la e disse que era normal perder um pouco de sangue, mas se quisesse falar com o GO para se tranquilizar, que o fizesse. Liguei para ela depois, ela disse que o médico aconselhou ela a ir no hospital fazer uma avaliação, mas que não iria, porque eu já tinha dito a ela que era normal, e que ficou tranquila assim. Disse para ela me ligar se notasse alguma evolução, e as contrações.
Alguns minutos depois ela me ligou dizendo que estava com muita vontade de fazer coco, e que as colicas vinham a cada 5 minutos. Perguntei se ela queria que fosse até ela (moramos bem perto), e ela disse que não, mas foi um não com duvida, e disse que logo estaria com ela. Aconselhei a  ir para o chuveiro e tentar relaxar com a água.  Peguei minha roupa, coloquei mais alguns coisas que faltavam na minha malinha de doula, tomei um banho e fui. Cheguei na casa dela pelas 16: 30 hs, e a acompanhei no banho, a água realmente estava deixando ela mais relaxada. Começamos a controlar as contrações. Achei muito rapido a evolução, pois as contrações estavam com intervalo de 3 minutos, com duração de 1 minuto, pouco mais.  Não sei dizer quanto tempo ficamos no chuveiro, mas foi bastante.

Mari caminhando
Perguntei a Mari se ela queria sair do chuveiro, para eu massagear a lombar e os pés, ela concordou. Mari suportava muito bem as dores, e dizia que doia na hora, mas que depois era como se tivesse tirado a dor com a mão. Ela foi ótima, ficou firme, e acalmava a familia que estava nervosa e pediam que fosse ao hospital, mas ela dizia que não estava na hora.
Depois de mais um tempo chamou o marido, para ele se arrumar e colocarem as coisas no carro. Todo o tempo Mari rebolava, ia para bola e, eu fazendo massagem na lombar, e nos ombros. Teve um momento que as contrações se expaçaram, mas logo voltavam ao ritmo de antes, intervalo de 2-3 minutos, com duração de 1 minuto.

indo para o hospital
Saimos para o Hospital Moinhos de Vento pelas 20 hs. Mariana quis ir na frente, e atras fomos  eu e a mãe dela. Quando vinha uma contração eu massageava um ponto de do-in, entre as sombrancelhas, que relaxa bastante. Chegamos em 20 minutos, fomos a maternidade mas só pode entrar o Alex, pai do Samuel, que estava bem nervoso, rs.
Ficamos nós duas, vó e doula sem noticias por 1 hora, quando resolveram nos deixar passar para a sala de espera (enorme por sinal), e de lá poderiamos ver o Samuel depois. Creio que já era 21:30 neste momento. Resolvi ligar para o Alex e perguntar com a Mari estava, e aflito me respondeu que ela havia entrado na sala de avaliação, mas que não tinham deixado ele entrar ainda. Depois de alguns interminaveis minutos, liguei novamente e a mesma resposta.
Lá pelas 22:20 Alex me liga e diz para eu descer um andar e ir ver a Mari, finalmente  o médico havia autorizado. Cheguei lá coloquei os pró- pés, e fui para a salinha. Estavam com ela o Alex e o Dr. , que disse que ela ja estava com 9 dedos de dilatação. Pediu que quando viesse uma contração que ela ajudasse, e pelo que entendi, ele estava tirando um rebordo, que estava dificultando a passagem. Logo vieram os puxos um atrás do outro. O Dr. foi buscar o anestesista, e Mariana não sabia se queria ou não. Estava cansada, mas seu semblante era sereno. Mari disse que o médico queria colocar ocitocina, mas ela não quis, e ele acatou. Aconselhei a Mari a ficar em pé, e se acocorar durante as contrações, para ver se o Samuel descia um pouco mais. Ele logo iria coroar.
Logo chega o médico com o anestesista, que se apresentou e pediu para eles, Mari e Alex, irem a sala de parto. Perguntei a enfermeira se podia ir junto e ela disse que não (normas absurdas do hospital). Sai e fiquei na salinha de fora. Liguei para a vó do Samuel, e disse para ela ficar comigo, que Mariana já estava pronta e era questão de pouco tempo para o bebê nascer. Em seguida chegaram os pais do Alex e aguardaram conosco.
Pelas 23:20 hs, Alex ligou e deu a noticia que tanto esperavamos. Samuel havia nascido!! Corremos para o andar de cima para conhece-lo. O pai todo babão, trouxe o embrulinho lindo de viver. Lindo, um anjo! Samuel ficou ali no berçário, recebendo as intervenções de rotina, e o banho. Alex não desgrudava, conversava e beijava o amado filho. Depois de 1 hora o anjinho foi para a mãe.

Samuel recém nascido
Soubemos depois que não havia quarto disponível, e que não poderíamos vê-los onde estavam. Os pais do Alex foram para casa. Tempo depois Alex decidiu ir para casa, nos levar e comer algo. Não pude ver Samuel e Mari ainda, mas assim que forem para casa, vou afofar o pitoco da doula, e abraçar e conversar com minha amiga.

Mais tarde, Mari me ligou para contar como foi, e disse que o médico, nao colocou ocitocina, nem fez episio, mas que ela precisou de uns pontinhos. Que deixou o cordao pulsar alguns segundos e o pai o cortou. Que recebeu a analgesia, mas que nem era preciso, pois logo em seguida Samuel estava nascendo. Disse com muita satisfação, que recebeu um ótimo atendimento e que foi respeitada pelo médico e pela equipe. Me agradeceu pelo apoio, e me disse que havia doido, mas depois que o Samuel nasceu, se sentiu em plenitude. E que ele estava mamando muito bem. Ela também comentou, que o médico dela insistiu para enfermeira me deixar entrar na sala de parto, mas a enfermeira disse que não podia fazê-lo, devido as normas do hospital. Aff!


Como fiquei feliz em ouvir isso! Não tem preço poder auxiliar uma mulher a passar com tranquilidade o nascimento de seu filho, e o seu desabrochar como mãe.
Agradeço demais a Mariana e ao Alex, por terem me dado a oportunidade de acompanhar esse momento unico na vida de um casal. Mari, minha amiga, foste ótima, tens uma força incrivel e em momento algum se deu por vencida.  Alex, obrigada por tudo, também foste ótimo, e deu muito apoio a Mariana.


Samuel mamando

Doula Feliz!!

Doula feliz, feliz!  

9 de fevereiro de 2012

Pré-eclâmpsia - (Dra Melania Amorim)


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A hipertensão complica cerca de 10% de todas as gestações, e pode se > apresentar como pré-eclâmpsia (ou, nos casos mais graves, > eclâmpsia), hipertensão crônica, hipertensão crônica com pré- > eclâmpsia superposta e hipertensão gestacional.
De acordo com um consenso realizado em 2000 nos EUA (National High > Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood > Pressure in Pregnancy), através de uma combinação de medicina > baseada em evidências com a opinião de especialistas, a definição de  pré-eclâmpsia é dada por hipertensão (pressão arterial sistólica  maior ou igual que 140mmHg e/ou diastólica maior ou igual que  90mmHg), que surge depois de 20 semanas de gravidez, associada com  proteinúria (excreção de proteína na urina)  300mg nas 24 horas.
Esta é a classificação adotada atualmente no IMIP â€" Instituto > Materno Infantil de Pernambuco em Recife (PE).

A presença de edema não faz mais parte dos critérios diagnósticos,  porque não apresenta correlação com o prognóstico gestacional, visto  que grávidas perfeitamente normais podem apresentar edema, mesmo  edema generalizado. Exames como hemograma, uréia, creatinina, ácido  úrico, contagem de plaquetas, testes de função hepática  (transaminases) e bilirrubinas fazem parte da propedêutica  complementar, mas não dos critérios diagnósticos. Estes exames  servem para avaliar a gravidade da pré-eclâmpsia, mas o diagnóstico não depende de sua alteração.

A pré-eclâmpsia pode se sobrepor a uma hipertensão crônica pré-existente, quando então é dita pré-eclâmpsia superposta. Somente a pressão alta não permite o diagnóstico de pré-eclâmpsia. Existe a hipertensão gestacional, em que surge a hipertensão no final da gravidez e que é transitória, não se associa com proteinúria, nem riscos maiores para a mãe e para o bebê. Nessa circunstância, recomenda-se tranqüilizar a gestante, realizar os exames para  afastar pré-eclâmpsia, avaliar o bem-estar fetal, e pode-se aguardar o trabalho de parto espontâneo. A hipertensão gestacional não indica a cesariana, e habitualmente também não requer a antecipação do parto, exceto se os níveis tensionais estão muito elevados (por exemplo, 160x110mmHg ou mais).
A pré-eclâmpsia é associada com algumas complicações, como o risco de eclâmpsia (a crise convulsiva), síndrome HELLP (há comprometimento do fígado, das plaquetas e anemia), descolamento prematuro de placenta, alterações da vitalidade fetal e aumento da morbidade e mortalidade neonatal. Entretanto, NÃO constitui indicação de cesárea. A indicação de interromper a gravidez vai depender da idade gestacional, da gravidade da pré-eclâmpsia e da presença ou não de complicações.

Antes de 34 semanas, e na ausência de complicações maternas ou fetais, é possível manter conduta conservadora nos casos de pré-eclâmpsia grave, para aguardar a maturidade fetal. Nesses casos, recomenda-se administrar corticóide (betametasona) para acelerar a maturação pulmonar do bebê. Drogas hipotensoras, como alfametildopa e bloqueadores dos canais de cálcio, são administradas para tentar controlar a pressão arterial. A partir de 34 semanas, em geral indica-se a interrupção da gravidez, que pode também ser necessária antes dessa idade gestacional, se surgirem complicações colocando em  risco o bem-estar da gestante ou do bebê.
Entretanto, o parto vaginal é possível, e a cesárea será realizada somente se houver indicação específica e não pela pré-eclâmpsia per se. É claro que a chance de cesárea está aumentada, em virtude de algumas complicações (como o descolamento prematuro de placenta e alterações da vitalidade fetal, por exemplo) indicarem o parto imediato, porém em muitos casos pode ocorrer o parto normal, sem riscos para a mulher. O parto normal é preferível em diversas circunstâncias, porque os distúrbios da coagulação podem complicar a pré-eclâmpsia, e o risco de sangramento é, evidentemente, muito maior na cesariana em relação ao parto normal. Além disso, se houver redução acentuada da contagem de plaquetas (abaixo de 70.000/mm3),  não pode ser feita anestesia regional (raquidiana ou peridural) e, na cesariana, a anestesia terá que ser geral, com maiores riscos.
Indução do parto também pode estar indicada em mulheres com pré-eclâmpsia, quando há a indicação de interrupção da gravidez, porém ainda não se desencadeou o trabalho de parto. Como o colo do útero pode não estar dilatado, utilizam-se geralmente comprimidos vaginais de misoprostol (um análogo das prostaglandinas) **. Ocitocina pode ser utilizada nos casos com colo favorável. Deve-se monitorizar a freqüência cardíaca fetal e a contratilidade uterina. Em um trabalho recentemente realizado no IMIP, a taxa de partos normais após indução em mulheres com pré-eclâmpsia a termo foi de 74%.
O sulfato de magnésio está indicado para prevenção da eclâmpsia, e evidências consistentes, incluindo uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane, indicam que a droga é efetiva para reduzir a incidência de eclâmpsia e a morte materna, sem efeitos prejudiciais para o concepto. É possível que, durante o trabalho de parto, como o sulfato de magnésio diminui as contrações uterinas, seja necessário o uso de ocitocina.

Nos casos de pré-eclâmpsia leve, não há indicação geralmente de antecipar o parto, podendo-se aguardar até 40 semanas, desde que os níveis tensionais estejam controlados, gestante e feto em boas condições. Entretanto, devem ser amiudadas as consultas pré-natais, visando a detectar uma possível evolução do quadro para pré-eclâmpsia grave. Dieta equilibrada, repouso relativo, períodos de descanso em decúbito lateral esquerdo, também são recomendados. O  parto normal, espontâneo, é perfeitamente possível nesta situação.

O ideal seria, realmente, prevenir, evitar a pré-eclâmpsia. Sabe-se que algumas mulheres têm maior risco: as que engravidam pela primeira vez, as hipertensas crônicas, as obesas e aquelas com história familiar de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. Quem já teve pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestação anterior também tem risco aumentado de desenvolver novamente a doença nas gestações seguintes.
Estão envolvidos mecanismos genéticos, imunológicos, e uma série de mediadores bioquímicos, como prostaglandinas, endoperóxidos, radicais livres, citocinas... Todos estão relacionados ao processo de desenvolvimento da placenta, porque por algum motivo, genético-imunológico, ainda não completamente desvendado, não ocorre penetração adequada da placenta nas camadas do útero, e a unidade útero-placentária não é bem perfundida (oxigenada). Essa isquemia é que leva ao desencadeamento das alterações bioquímicas, que acabam por induzir hipertensão, proteinúria e efeitos diversos em vários órgãos e sistemas, incluindo rins, fígado, cérebro, coagulação sanguínea...

Infelizmente a prevenção ideal ainda não foi encontrada. Alguns estudos apontam que a suplementação de cálcio em populações com baixa ingestão pode prevenir a ocorrência de pré-eclâmpsia. Em mulheres com risco elevado, parece haver efeito benéfico o uso de aspirina em baixas doses, e recentemente tem sido proposta a suplementação das vitaminas C e E (estudos clínicos estão em andamento). Recomendações básicas são manter uma dieta equilibrada, tentar se enquadrar dentro dos limites normais de peso antes de engravidar e não ganhar peso excessivamente durante a gestação.
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* para maiores detalhes, quem tiver Orkut, estamos mantendo uma  produtiva discussão sobre o assunto na comunidade "G.O. Baseada em  Evidências":
http://www.orkut. com/CommMsgs. aspx?cmm=1615199& tid=242458701372 4180296&start= 1
 ** não existem evidências suficientes para garantir a segurança do uso do misoprostol em pacientes com cesárea anterior (maior risco de ruptura em alguns estudos, entretanto não há ensaios clínicos randomizados desenhados especificamente para avaliar mulheres com cesariana prévia. Um ensaio clínico foi interrompido em função de dois casos de ruptura uterina). Segundo o ACOG e o Ministério da Saúde do Brasil, esta é uma contra-indicação (cicatriz uterina prévia) para o uso de misoprostol (grau de recomendação: B). Havendo indicação de indução em mulheres com cesárea anterior, privilegiar os métodos naturais, mecânicos e, se o colo for favorável, ocitocina com monitorização do padrão contrátil e da frequência cardíaca fetal.

Retirado daqui