26 de janeiro de 2012

Relato do Pai - VBA3C


Minha amiga Alê, gravida de seu segundo filho, havia pedido ajuda para encontrar relatos de parto sob a vista paterna. Sendo assim, me surgiu a ideia de postar os relatos que eu encontrasse, que não são muitos os disponíveis aqui no blog do grupo e no meu, A Doula Nutri. Aproveito e peço aos pais que leem o blog, que se quiserem me mandem o relato do nascimento do filho, ou filha. Desta forma, mais pais vão ter consciência de dar apoio as esposas é FUNDAMENTAL! E que não é loucura optarmos por parir nossos filhos naturalmente. Enfrentem os médicos e familiares pela saúde e bem estar destas 2 pessoas, que vocês amam tanto! Se informem junto com elas, questionem junto com elas!!
Quero agradecer a Larissa, por ter permitido a divulgação do relato do marido aqui no blog!
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**** Esse relato foi escrito pelo Rafael poucos dias depois do nascimento do Francisco****

Relatar a experiência sublime do nascimento de um filho é uma tarefa no mínimo desafiadora.  Para que seja possível expressar parte do que senti é necessário voltar alguns anos no tempo, e aí vai:
Desde muito cedo, 12 ou 13 anos, casar, ter minha casa, carro e muitos filhos. Tendo esse objetivo em mente sempre me preocupei em reconhecer o memento certo e a pessoa certa com a qual realizaria meus sonhos familiares.  Aos 21 anos conhecia a Larissa.  Por incrível que pareça, foi fácil reconhecer naquela moça a mulher da minha vida.  Não me pergunte como, eu só sabia.  Aqui começa a história dos “meus partos”.  Começa antes mesmo de nos casarmos.  Luiza (12) na época tinha 4 anos, linda, esperta e muito carinhosa, me surpreendeu quando em uma das vezes que saímos, perguntou se poderia me chamar de pai.  Lembro da alegria que senti e do amor que explodiu no meu coração naquele momento, um amor incondicional, sem espaço para mantê-lo dentro de mim. Abracei a Lu e disse que sim.  Era tudo o que eu queria ouvir.  Um “parto do coração”, meu primeiro, lindo e emocionante.
Nos casamos e poucos meses depois estávamos grávidos.  Nem tudo são flores na vida de casado.  Foi uma gravidez difícil entre as mudanças de humor e não saber o que esperar no próximo minuto.  Mais uma vez se sobressaiu o amor que temos um pelo outro.  Embora houvesse o esboço de uma idéia de parto normal, lembro do comentário que sempre fazíamos: “Prato normal! Normal mesmo é fazer cesárea, ter um filho sem ter que sentir toda aquela dor, por tantas horas!”.  Realmente o parto do Henrique (6) foi um parto rápido e lindo.  Dra Gisele foi quem o trouxe ao mundo, tive o privilégio de assistir, meu coração mais uma vez encheu-se de amor.  Olhei para o Henrique e para a Larissa e agradeci a Deus pela família que estávamos aos poucos formando, cheia de amor e carinho.  Foi lindo, meu segundo parto, cesárea.
Depois de 4 anos, indo contra muitas pessoas, decidimos engravidar e assim foi.  Uma gravidez bem mais fácil quanto ao que esperar, as mudanças repentinas de humor foram melhor compreendidas, mas os desconfortos físicos, dores e até paralisia facial foram desafios superados juntos.  Aquela idéia de parto normal deixou de ser somente uma idéia.  Vi minha esposa procurar informações, estudar e compreender os benefícios de um parto natural.  E ela entendeu direitinho!  Não lembro exatamente quando ela me contou sua idéia de um parto normal domiciliar.  Lembro bem do quê pensei: parto normal?  Em casa?  Parteira?  Doula?  Ai, ai, ai...  Que medo eu tive!
Não foi muito difícil me convencer da idéia.  Difícil foi engolir o custo de tudo isso.  Embora tivéssemos convênio, nenhum médico de convênio faria um parto normal depois de duas cesáreas, muito menos em casa.  Foram meses frustrantes, procuramos uma parteira.  Embora o custo dela não fosse tão alto, não tínhamos um centavo.  Embora pudéssemos pagar em parcelas “suavemente”, não tínhamos tido coragem de propor uma forma de pagamento.  Vi o entusiasmo dela se apagar e levar junto o meu.  Embora tivesse sido um momento frustrante, estávamos felizes.  Dr. Osmar foi quem trouxe nosso Pietro (2) ao mundo.  Mais uma vez assisti o parto, mais uma vez foi rápido, muito rápido, porém dessa vez pude cortar o cordão.  Foi uma experiência muito legal.  O Pietro era lindo e estava bem.  Nossa família crescendo e feliz!  Foi assim meu 3º parto, cesárea, eu cortei o cordão.
Mais um ano e meio se passou e antes da  concepção de nosso próximo filho, concebemos a convicção de que seria um parto normal.  Deixou de ser uma idéia, um desejo, um plano.  Passou a ser “O Plano”.  Vi a Lá buscar por alguém que tivesse disposição de entrar no barco conosco, e por incrível que pareça foi um desafio encontrar alguém (mesmo entre os adeptos à idéia) que topasse, depois de três cesáreas fazer um parto normal, agora já não precisava ser necessariamente domiciliar.  Aliás, depois dos riscos que disseram que correríamos, era melhor um parto normal hospitalar.  Ainda assim, encontrar alguém disposto a fazê-lo, não foi fácil.  Com 17 semanas a busca começou.  Depois de várias situações, conversas frustrantes e desencorajamento, ao contrário do que esperávamos, às 36 semanas não havia nada decidido.  Nossa situação financeira não era tão diferente de 2 anos atrás quando tivemos o Pietro.  As pessoas das quais esperávamos apoio, haviam pulado do barco antes mesmo de subir nele, talvez tenham achado a capitã muito frágil, talvez a convicção do marinheiro e a confiança em sua capitã não tenham sido o bastante.  Ou mesmo a idéia de entrar num barco com uma tempestade anunciada tenha sido assustador.  “e se algo ruim acontecer?”, “e se o seu bebê morrer, mãe, o que a senhora vai fazer?”. Tantos E SEs, foram dias de tempestade antes de nos lançarmos ao mar, uma viagem obrigatória, não havia outra alternativa.  Foi quando vi minha moça decidir que teria um parto normal no Hospital Geral P, isso mesmo, um hospital público, contando como um amigo falou “uma mentirinha que Deus perdoa”. Iríamos para o hospital quando as contrações estivessem uniformes, 14 por hora, e diríamos que era nosso 4º filho.  O histórico dos partos seria de 2 normais e o último cesárea.  Decisão  tomada, coração um pouco menos apertado, um pouco menos aflito e muito mais confiante, embora ainda temeroso.
Trinta e nove semanas e 4 dias, estava no trabalho quando a Lá me ligou dando risada: “a bolsa estourou!”.  Os risos foram por que aconteceu quando o técnico da máquina de lavar estava em casa.  Imagino a Lá tentando disfarçar enquanto procurava uma brecha para verificar se estava tudo bem e se limpar.  Sabia que nossa viagem havia começado.  Estávamos sozinhos na jornada.  Não fiquei nervoso, aos olhos dos outros estava até calmo demais. Quando cheguei em casa tudo estava bem.  As contrações estavam ficando mais próximas, as crianças bagunçando como sempre, jantamos pizza, pusemos os menores para dormir.  As contrações já estavam mais fortes, estava na hora de irmos para o hospital.   A Lá foi no banco de trás gritando com o rosto enfiado na cadeirinha do Pietro a cada contração.  Brigando para que eu dirigisse mais devagar, embora estivesse a 30km/h em ruas livres em que poderia andar a 60km/h.  Chegamos ao hospital, um rápido ping-pong  de uma para outra portaria, em pouco tempo estávamos em frente ao consultório ginecológico.  A cada contração uma rápida sessão de massagem no coxci. Quando entramos na sala e a médica examinou a Lá descobrimos que ela estava com apenas um centímetro de dilatação.  Percebemos que seria um trabalho de parto longo.  A Lá ficou surpresa e sua primeira frase foi “Não acredito!  Tanta dor por tão pouco.”.  Pensei “A noite vai ser longa”.  A Lá foi encaminhada para uma sala onde a colocaram no soro sem ocitocina, como ela pediu.  Foi o único momento em que pediram que eu ficasse fora da sala.  Foi muito difícil.  Sabia que ela estava com dor e queria estar perto, mesmo que não pudesse fazer nada além de estender a mão cada vez que as contrações viessem (como a Lá disse, “aquelas das boas”).  Nesse momento percebi que não havíamos entrado no barco sozinhos.  Estávamos na tempestade, mas não à deriva.  Nosso Pai Celestial estava conosco e estava mandando seus anjos para nos orientar e ajudar.  Enquanto estava lá fora, aflito por não estar perto da Lá, uma enfermeira se aproximou e disse que eu deveria entra e ficar perto da minha esposa.  As enfermeiras haviam me dito para esperar do lado de fora, ela porém disse que eu deveria entrar e que falaria com as outras. Fui ficar com a Lá e pude novamente estender a mão e acariciar seu rosto. Chegamos ao hospital pouco antes das 22 horas.  Uma hora e meia depois a bolsa de soro estava vazia e fomos encaminhados para a sala de cardiotoco, onde conhecemos mais um anjo do Senhor, a Bel.  Acho que esse foi o momento mais difícil para nós dois.  Estávamos sozinhos na sala que era bem pequena, a cada contração a Lá gritava cada vez mais alto, sei que estava doendo tanto que ela falou várias vezes em desistir, em fazer uma cesárea, pediu várias vezes que eu chamasse a enfermeira, a médica, queria e queria acabar com o sofrimento.  Lembro de incentivá-la a se manter firme, que tudo estava correndo bem.  Tentava lembrá-la de respirar fundo e prestar atenção aos movimentos de nosso bebê.  Orei pedindo que o Senhor amenizasse sua dor e nos desse forças para ir em frente.  Terminado o exame voltamos para o consultório e a médica nos informou depois de examinar a Lá que a dilatação estava em 3 cm.  Mais uma vez a Lá se desesperou.  Mais uma vez “tanto por tão pouco”.  Mais uma vez eu procurei ajudá-la com palavras repletas de esperança, “tudo vai dar certo”.  Mais uma vez o pedido de cesárea e mais uma vez a médica num ato de firmeza e ao mesmo tempo apoio, disse que ninguém faria cesárea nela.  Lembrou-a que já tinha tido 2 partos normais e perguntou se ela tinha esquecido.Nos entreolhamos e sorrimos afinal “já tínhamos tido dois partos normais”.  Me dei conta de que não havia mais volta, nessa viagem não havia como retroceder.  Orei novamente para que tivéssemos forças.  Ouvi a Bel conversando com a médica que disse ser hora de transferir a Lá para outro hospital, pois não havia leito disponível.  Mais uma vez, por seu anjo o Senhor mostrou estar do nosso lado.  A Bel recusou-se em fazer a transferência, disse que eles tinham leito sim, que a dilatação da Lá estava evoluindo muito bem e que a levaria para o Centro de Parto.  A médica concordou desde que a Bel assumisse a responsabilidade e assim foi. Enquanto a levava, a Bel pediu que eu fosse buscar a etiqueta de acompanhante e então subisse para ficar ao lado da Lá.  Eu até acreditei que seria fácil assim.  Quando cheguei no balcão e informei o que queria soube que teria que esperar até que fosse feita a internação no Centro de Parto para depois preencher os papéis necessários e então ser liberado para subir. Embora não estivesse confortável com a situação, decidi esperar pacientemente.  Mais uma vez orei por paciência, orei para que a Lá estivesse bem, para que o Senhor a confortasse.  Senti que o Senhor estava próximo de nós quando vi a Bel e ela perguntou o que eu estava fazendo lá ainda.  Contei o que havia acontecido e ela rapidamente providenciou a etiqueta de acompanhante dizendo que minha esposa precisava da minha companhia, que eu devia subir e ficar ao seu lado.  Agradeci ao Senhor pelas respostas rápidas às minhas preces.  Quando cheguei ao quarto ela estava na cama.  Aprecei-me para ficar ao seu lado.  As contrações estavam cada vez mais fortes.  Ela apertava minha mão e eu a dela tentando dar apoio.  Por muitas vezes sorrimos e entre os sorrisos uma piadinha ou outra.  Seu corpo estava trabalhando atendendo aos seus pedidos de que nosso bebê nascesse logo. Ela gritou que queria cesárea, gritou que estava ardendo, disse estar cansada, pediu que chamasse alguém, que as dores e a ardência passasse, pediu que o Senhor estivesse ao seu lado, que não a deixasse e em todos esses momentos pedi que o Senhor estivesse conosco, que tudo corresse bem, que o Senhor os deixasse viver, que os “E SEs” não acontecessem.
Pensei várias vezes que tudo que estava acontecendo, fomos nós quem quisemos e me perguntei se tudo acabaria bem.  Seria muita felicidade se tudo desse certo, se tudo corresse bem.  Será que merecíamos tanta felicidade? Orei para que esse sentimento passasse e para que tudo ficasse bem. Prometi que se o Senhor ficasse do nosso lado eu estaria do lado Dele para sempre.  Me segurei para não chorar tentando passar uma imagem forte e confiante.  Por muitas vezes senti o Senhor nos consolar, um sentimento de paz, as palavras da mãe da garota que estava em trabalho de parto do nosso lado “depois que você tiver seu bebê toda dor vai passar, nasceu acabou”. Entre uma contração e outra, agora mais próximas, olhava para minha moça, aquela pela qual me apaixonei há 8 anos, tornando-se mulher, mãe, de uma forma diferente do que havia visto, uma força de vontade incrível.  A convicção do que queria confiante.  Minha admiração chegou em um ponto que nunca achei ser possível, meu amor e compreensão do milagre da vida.  Pedi a Deus que tudo corresse bem e nos deixasse compartilhar a vida juntos.  Outras contrações vieram.  Procurei estar ao seu lado da forma que pude. 
Dos 6 cm de dilatação aos 10 tudo foi tão rápido quanto intenso.  Numa das contrações chamei a enfermeira Karla que veio logo e nos disse que se a Lá fizesse força na próxima contração ela faria o parto.  Foi um momento de muita emoção, nosso bebê estava perto.  A contração veio e eu a vi fazendo força como nunca havia visto.  Era nosso bebê, que embora estivesse trabalhando e fazendo sua parte para nascer, precisava muito de ajuda para nascer.  A cada força eu, por pura empatia, fazia força junto, procurava incentivá-la com palavras de apoio e lembrá-la de respirar.  O cansaço era nítido entre as contrações, mas quando a enfermeira me chamou e mostrou o topo da cabeça do nosso bebê a emoção tomou conta de mim.  Lembro de dizer que faltava muito pouco, que ele precisava de mais uma força.  A Lá disse que não ia conseguir, porém mais uma vez eu tentei incentivar “Força!  Tá acabando, só mais uma, ele precisa da sua ajuda”, e junto com ela, juntos até o fim, fizemos a ultima força, a derradeira.  Assim que saiu a cabeça, a Karla puxou-o e aí sim, nasceu nosso Francisco.  Lindo!  A emoção que senti não tem explicação. Olhei para minha mulher aliviada, cansada, feliz e agradeci à Deus por ela ter conseguido, sua persistência, vontade, força e amor.  Os primeiros cuidados foram dados ao Francisco e logo ele veio ficar ao nosso lado.  Ele é lindo, tudo foi lindo.  Agradeço à Deus por tudo ter dado certo.Assim foi NOSSO quarto parto, Francisco, parto normal, Larissa foi quem o trouxe ao mundo.  A realização de um sonho mostrando que tudo é possível àquele que crê, tudo é possível em quem nos fortalece.
Lá, eu te amo.  Obrigado por me deixar fazer parte da sua vida, vê-la junco com o Francisco e Nosso Pai Celestial operarem o milagre da vida, o nosso pequeno milagre.  Te admiro por tudo o que você é e por me deixar ser ao seu lado o pai de nossos filhos, cada um tão especial quanto o outro, amados e queridos para esta vida e para toda a eternidade.


Rafa

24 de janeiro de 2012

Tem mesmo pouco leite, baixo peso? NAN é a solução?


Texto super completo, que vai tirar muitas dúvidas de vocês que amamentam!! Leiam com calma...

google imagem
Diagnóstico precipitado de "pouco leite", baixo peso e introdução precoce de leite artificial

Produção insuficiente de leite materno e baixo ganho de peso do bebê são queixas muito freqüentes entre as mães. Geralmente a solução apresentada para esses casos por pediatras e outros profissionais da saúde é a introdução de leite artificial.
Porém, antes de diagnosticar essas duas situações, é preciso prestar atenção nos seguintes pontos:

1) Importantíssimo para o sucesso da amamentação é verificar se a pega no peito está correta: o bebê abre bem a boca, abocanha o mamilo e grande parte da aréola, alcançando os depósitos de leite localizados na região. Ao fechar a boca, os lábios ficam voltados para fora e vedam a passagem de ar, favorecendo o correto padrão de respiração pelo nariz. A língua se posiciona sob o mamilo, à frente, entre os rodetes de gengiva que comprimem a aréola, ajudando o bico a se alongar em até três vezes o seu tamanho dentro da boca do bebê - tal alongamento é necessário para que alcance e toque o ponto de estímulo neural da deglutição, na região posterior do palato ("céu da boca") da criança. O recém-nascido obtém o leite por trabalho muscular (ordenha), não havendo, em momento algum, pressão negativa ou sucção, como infelizmente ocorre com a mamadeira e a chupeta.
Algumas imagens para ajudar:











Pega incorreta resulta numa ordenha ineficiente, não saciando as duas necessidades básicas do bebê - fisiológica (por leite materno) e neural (de trabalho muscular) -, além de causar fissuras mamilares e outros problemas, resultando em dor durante a amamentação. Se notar que a pega não está correta, interrompa a sucção introduzindo delicadamente o dedo mínimo entre a boca do bebê e o seio e reinicie o processo. Não deixe que a criança continue mamando com pega incorreta.

Além de machucar a mama, pode-se iniciar um ciclo vicioso: o bebê não consegue obter todos os nutrientes de que necessita, oferece-se a mamadeira por causa do ganho insuficiente de peso, ele fica confuso, pois abocanha o bico de modo diferente do que faz com o peito da mãe, a pega no seio nunca é corrigida e tende a piorar dessa forma.


2) A amamentação deve ser praticada em livre demanda para garantir que o bebê seja suprido em todas as suas necessidades nutricionais, inclusive hidratação. Desse modo, ele pode retirar todo o leite de que precisa conforme a sua vontade. Amamentação não combina com relógio: deixe o bebê comandar!

Para maiores informações, ler os textos:
"Amamentação à la carte".
http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=166822966703409

e  “A importância da livre demanda”
http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=167469133305459

3) Se mesmo com a técnica (pega e posição) adequada e regime de livre demanda o bebê não ganhar peso, é preciso verificar se a mãe não o está trocando de peito durante a mamada antes do tempo. O leite posterior (do final) contém mais gordura. Se o bebê mamar somente dez minutos (ou 20, ou qualquer tempo estipulado) sem esvaziar o peito, ele deixa de tomar o leite gordo. Portanto, deixe-o mamar à vontade, até quando quiser. O seio que for esvaziado produzirá o leite para a próxima mamada, em quantidade suficiente. Quando o bebê quiser mamar de novo, você poderá oferecer o outro peito, então os dois vão ser estimulados. Dessa forma, para assegurar um bom ganho de peso é preciso: pega adequada, livre demanda e a permanência do bebê no mesmo peito durante a mamada (não trocar antes de esvaziar completamente um seio). Alguns recém-nascidos também sugam muito lentamente nos primeiros dias e precisam de muito tempo para esvaziar a mama (prepare-se, porque essa situação não dura para sempre!)

4) Se o bebê continuar não adquirindo peso apesar da efetivação dos três itens acima, é necessário conferir a hipótese de infecção urinária, que é uma das causas de baixo ganho de peso corpóreo em recém-nascidos.

5) Porém, mais importante que o valor registrado na balança é observar o desenvolvimento da criança. Bebê saudável não é o bebê que engorda sem parar. Recém-nascidos ganham peso em proporções inconstantes - devem dobrar o valor do nascimento até os seis meses e triplicá-lo até um ano de idade de acordo com a OMS.

Segundo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o aleitamento materno, aquantificação rigorosa do ganho de peso do bebê pelos pais deve ser desincentivada. Os valores podem variar muito, porque cada criança tem o seu próprio ritmo de crescimento. É importante considerar o biotipo do bebê: como são os pais? Gordinhos, magrinhos, altos, baixos? A genética tem uma grande influência na estrutura física do indivíduo. Além disso, existem flutuações normais no peso. Colocar freqüentemente a criança na balança pode levar os pais à insegurança. Pesar o filho antes e depois da mamada também não deve ser parâmetro para medir a quantidade de leite.  
As novas curvas de crescimento revisadas pela OMS baseando-se em bebês alimentados com leite materno estão no link e fotos abaixo. Lembre-se de verificar com o pediatra de seu filho se ele está usando as curvas atualizadas!

http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php?conteudo=curvas_cresc_oms



6) O colostro, que começa a ser produzido no terceiro trimestre de gestação, é o primeiro alimento e a primeira "vacina" do bebê.
Leia o artigo "Amamentação na primeira hora, proteção sem demora!"-
http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=168809549838084).

Ele começa a ser secretado logo após o nascimento e é produzido em baixa quantidade justamente porque o recém-nascido ainda não está com os rins totalmente preparados para processar grande volume de líquidos. No período inicial, enquanto o leite não desce - demora entre três e cinco dias ou mais -, só o colostro é suficiente e perfeitamente adequado ao bebê, portanto, continue colocando-o no peito freqüentemente. Se a criança estiver mamando colostro em livre demanda e em contato contínuo com a mãe, seu choro nesse início de vida dificilmente poderá ser associado à fome e às colicas. Técnicas muito eficientes para acalmar o bebê na fase imediatamente sucessiva ao nascimento são as aplicadas na “teoria da Extero-gestação". Leia o artigo na íntegra, utilíssimo para bebês novinhos!

http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=167494279969611 ).
Teoria da Extero-gestação para bebes novinhos - Dr. Karp

7) A OMS cita que oferecer água ou leite artificial ao bebê ao invés de permitir-lhe o aproveitamento dos benefícios do colostro enquanto o leite materno não desce não é justificável.

8) Nas primeiras duas – três semanas de vida é natural o bebê perder até 10% de seu peso (excesso de líquidos retidos que são eliminados) e só voltar a recuperar os gramas perdidos no final da terceira semana para então começar a ganhar peso propriamente dito.
Permita que seu filho mame o colostro e estimule a produção de leite materno, não interferindo nesse processo natural introduzindo mamadeiras.

9) Geralmente seis –oito semanas após o parto, a mulher passa a não ter mais ejeções entre as mamadas e seus seios ficam desinchados, porque o corpo pára de produzir leite em excesso e se auto-regula conforme as necessidades do bebê, contanto que ele seja amamentado em livre demanda. Portanto, é normal sentir os peitos murchos depois de um mês. O leite não fica armazenado no peito: cerca de 80% dele é produzido na hora da mamada (a não ser na fase imediatamente pós-parto, quando os peitos costumam até vazar). O engurgitamento das mamas nas primeiras semanas nada tem a ver com a quantidade de leite produzida e sim com uma inflamação temporária no início da lactação. Peitos cheios e vazamento são problemas iniciais, que desaparecem assim que a amamentação estiver estabelecida.

10) É absolutamente normal o bebê diminuir o ganho de peso a partir do terceiro mês de vida. O Dr. Carlos González, autor do livro Mi Niño no me Come (em inglês My Child Won’t Eat), recomendado pela La Leche League International, chamou essa fase de "a crise dos três meses": "Por volta de dois, três meses de idade, alguns bebês tornam-se tão eficientes na mamada que são capazes de mamar tudo o que precisam em poucos minutos (entre três e sete). Se a mãe não sabe disso, ela fica insegura achando que seu filho de três ou quatro meses não mama o suficiente, pois só permanece três, quatro minutos no peito, sendo que aos dois meses mamava por 15 minutos, por exemplo. Além disso, o bebê que ganhava peso rapidamente, agora está caindo na curva de crescimento. A mãe também notou que os seios não enchem mais como antes e não vazam. Todos esses fatos são normais, mas a mulher que não está ciente disso pode achar que há algo errado.
Para entender bem esse processo, leia o texto na íntegra:
 http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=167055273346845
A crise dos 3 meses

11) Outro mito moderno que muitas vezes ilude a mãe é que as crianças, à medida que o tempo passa, aprendem a dormir mais. Na realidade, elas passam mais tempo acordadas quando vão crescendo. É verdade que um dia vão dormir mais horas seguidas e, finalmente, a noite inteira, mas dificilmente isso acontece aos quatro meses de idade. Ao longo dos primeiros meses de vida, é mais provável que você observe seu bebê dormindo menos. Muitas crianças mamam várias vezes por noite ainda durante os primeiros anos (o que, para a mãe, é muito mais fácil do que preparar mamadeiras de madrugada). Dar LA não ajuda no sono e pode provocar desmame precoce. Estudo recente prova que não há diferenças no sono de bebês amamentados ou que tomam LA:

http://www.facebook.com/notes.php?id=166584723393900#!/note.php?note_id=167643363288036
Leite artificial ajuda no sono?? Estudo desmistifica essa noção comum!

12) Tem mãe que nunca vê o próprio leite, ou seja, nunca consegue ordenhar uma gota com auxílio de bomba (manual ou elétrica) ou mesmo por ordenha manual, mas o bebê mama exclusivamente ao seio e se desenvolve muito bem. Portanto, a quantidade de leite extraída não é confiável para determinar o volume de leite produzidonão deve ser usada como medida de produção de leite suficiente.

13) Para saber se a produção materna de leite está adequada, pode-se contar quantas vezes por dia a criança urina: 5-6 fraldas molhadas indicam que ela está bem hidratada e a quantidade de leite é suficiente.

Casos reais de baixa produção de leite:
- Quando o bebê tem um repentino ganho de peso ou crescimento e o peito "ainda não teve tempo" de adequar a produção, ele pode pedir para mamar de hora em hora. Os picos de crescimento (em inglês growth spurt) acontecem justamente por essa razão: aumentar a produção de leite materno. Esses fenômenos ocorrem por volta dos sete-dez dias, duas-três semanas, quatro-seis semanas, três meses, quatro meses, seis meses e nove meses, em média, e continuam ao longo do desenvolvimento da criança. A mãe deve respeitar os pedidos constantes para mamar e oferecer o peito, ou seja, amamentar em livre demanda, inclusive à noite. Só assim a sua produção se ajustará perfeitamente às necessidades do bebê, o que acontece em alguns dias. Oferecer leite artificial durante os picos de crescimento impede que o organismo da mãe se adapte à nova demanda, podendo iniciar um desmame precoce desnecessário, em alguns casos.


- Quando a mulher está cansada, exausta, beirando a depressão pós-parto. Nesses casos, são necessários orientação real e efetiva e talvez aconselhamento médico. Apoio de uma rede de mulheres é muito importante. Procure grupos de apoio de amamentação em tua cidade ANTES mesmo do bebê nascer.

Onde achar grupos e bancos de leite (que dão orientação sobre amamentação):
http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=167591343293238

- Quando a mulher começa a desacreditar em sua capacidade de nutrir o bebê. Ao oferecer leite artificial antes da mamada, o organismo entende que não precisa produzir a quantidade extra que a criança já tomou. Sem total confiança na capacidade de amamentar, a mulher coloca o bebê ao seio "já sabendo que não tem leite". Com a auto-estima baixa é como se a mãe desistisse, "jogasse a toalha", então o leite seca totalmente.

O que fazer para aumentar a produção?
Quando o leite seca, a mulher passa a produzir menos ou o bebê repentinamente aumenta a demanda, pode-se tentar as seguintes medidas antes de recorrer ao leite artificial:

Físicas: descansar durante o dia, beber diariamente dois litros (no mínimo) de líquidos, habituar-se a tomar sucos, água, etc. antes de cada mamada, deitar com a criança, amamentar pelo menos uma vez de madrugada (não precisa acordar o bebê, é só pegá-lo e colocá-lo ao seio mesmo dormindo), oferecer o peito mais vezes que o habitual durante o dia e amamentar sempre que a criança demonstrar interesse. Em muitos casos pode-se tentar relactar, técnica muito simples e pouco conhecida, infelizmente. Ver aqui-

http://www.facebook.com/note.php?note_id=168097856575920
O que é relactação e para que serve?

Emocionais: conscientize-se que, apesar do seu poder de gerar e nutrir, a mulher, quando tem um filho, fica bastante fragilizada. Ela precisa receber muito apoio, boa orientação e amor, caso contrário, é possível que não consiga amamentar com sucesso. É importante cercar-se de pessoas que transmitam mensagens de otimismo, carinho, apoio, e não o contrário - de desestímulo. Parentes (quase sempre com boas intenções) chegam dizendo que amamentar dá muito trabalho, que o leite é fraco, que o bebê precisa de um complemento, etc. Esse tipo de "conselho" mina a auto-estima da mãe. Não existe leite fraco. A natureza é sabia e poderosa. Nós, seres humanos, não estaríamos aqui se não fosse pelo leite materno. Ele chega sempre, quando realmente o desejamos e temos orientação. A informação é muito importante, mas o apoio é determinante. Uma criança não é responsabilidade só dos pais - é de todos. Ela é o nosso amanhã. Temos que respeitá-la e apoiar quem tem coragem de gerá-la. Apoio logístico consiste em ajuda efetiva para cuidar do bebê (pode vir do pai, da avó, da tia, de uma babá legal, de uma amiga, de qualquer um que o faça por amor e com muita atenção e cuidado). Apoio moral consiste no amor, no reconforto, na paciência, no incentivo, no respeito e nas boas vibrações das pessoas próximas. Amamentar é dar amor, mas, para fazê-lo, a mulher precisa recebê-lo!

Ver informações sobre principais causas de baixo ganho de peso:


Entretanto, a tendência parece ser chegar no consultório do pediatra com uma queixa sobre amamentação e sair com uma prescrição de leite artificial, pois é muito mais fácil fechar o diagnóstico de "pouco leite" como algo fixo, definitivo, imutável do que trabalhar, orientar, aconselhar, visitar e acompanhar a mãe. Quanto mais desesperada estiver a mulher, mais ela terá a tendência de atestar o diagnóstico equivocado, e o pediatra então concluirá que ela não vai conseguir mesmo amamentar. Na maioria dos casos, dar de mamar é um ato de fé e persistência, mas é preciso ter apoio e orientação.

Definitivamente, Leite artificial não é a solução!

Mais informações em "Como fazer para aumentar o leite?".
http://www.facebook.com/?ref=home#!/note.php?note_id=166954626690243


Texto organizado por Andréia C. K. Mortensen



Disponibilizado aqui

20 de janeiro de 2012

Humanização no parto devolve protagonismo à mulher


Esta é uma notícia de 2009, mas é sempre bom ler, e ter o ponto de vista de profissionais que trabalham a anos na Humanização do Parto e Nascimento. 

google imagem
1º Encontro de Humanização do Parto em Sorocaba, realizado pelo Movimento de Apoio a Humanização do Parto em Sorocaba(Mahp) no auditório do campus Sorocaba no dia 29/9, abordou a protagonização da mulher no momento do parto. O chamado "parto humanizado" critica o uso de tecnologias e procedimentos desnecessários em partos de baixo risco e ainda defende que o nascimento aconteça da maneira mais natural possível.
Membro do Colegiado Nacional da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna) e mais quatro instituições internacionais, o ginecologista, obstetra e homeopata Ricardo Herbert Jones afirma que o maior objetivo da humanização é devolver o parto à mulher. “Independente de classe social, a mulher no Brasil não tem autonomia, não tem protagonismo no próprio parto”, revela Jones, que trabalha com a perspectiva humanística desde 1986.
Também participaram do encontro a enfermeira obstetra Priscila Maria Colacioppo, que há sete anos atende partos domiciliares pela ONG Primaluz e a ginecologista Mariana Simões, pioneira na humanização do parto hospitalar em Campinas. “O parto hoje é tirado da mulher. Temos que mudar essa visão, passar a ver que faz parte do processo natural e fisiológico dela. Faz parte do ciclo feminino”, destaca Mariana.
Para Jones, a obstetrícia no Brasil é atrasada em relação aos países europeus, do ponto de vista conceitual. “Um bom hospital de São Paulo vai ter a mesma estrutura de um hospital de Nova Iorque ou de um europeu. Mas, o debate brasileiro é atrasado, centrado na figura do médico, no hospital e nas doenças”, destaca. O ginecologista explica que esse atraso é reflexo de anos da prática de um modelo importado dos Estados Unidos, onde o parto está centrado na figura do médico e não da gestante. “A paciente é tratada como coisa, como objeto inanimado, que não tem voz, não tem vez, não tem opinião e não pode decidir sua própria história”, fala.
A principal causa para isso acontecer é que os médicos veem as gestantes como doentes, incapazes de decidir pelo melhor. Como os médicos são treinados para o uso de tecnologia, eles acabam desviando o olhar da fisiologia e prestando demasiada atenção à patologia. Na realidade, segundo Jones e Colacioppo, a parturiente possui sim a capacidade de escolher o melhor para ela e o bebê, mas ainda é preciso se informar. “A mulher tem capacidade para escolher o que é melhor para o parto dela, mas o sistema não permite muitas escolhas, deixando-as impostas às normas hospitalares. Porém, o correto seria deixá-la no comando. O médico não faz o parto, ele assiste e auxilia”, diz Mariana.
Para os defensores do nascimento natural, o parto ideal é o que tem a atenção humanizada, que precisa de um tripé para funcionar adequadamente. O primeiro pilar – e o mais importante, segundo Jones – é a restituição do protagonismo do parto pela mulher. Em segundo lugar é preciso ter uma atenção integrativa e holística do nascimento, que possui aspectos psicológicos, espirituais e emocionais. Por último, a vinculação da medicina baseada somente em evidências, e não somente em procedimentos de rotina, fecha o ideal para o parto humanizado.
Jones explica que a humanização no nascimento não significa a desvalorização total do uso da tecnologia. Pelo contrário, a humanização é uma síntese de dois paradigmas: de um lado a tecnocracia e de outro o naturalismo. “É possível unir os dois, mesmo porque a tecnologia sempre é bem vinda, mas somente quando é necessária”, finaliza.

18 de janeiro de 2012

Como induzir o Parto Naturalmente! - por Cris Doula


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Reta final, chegamos as 39 semanas, a futura Mamãe começa a ficar ainda mais ansiosa, e se o bebê não nascer? E se o médico marcar a Cesárea? Se chega a 40 semanas então aí que bate o medo, acham que o sonho do Parto Natural vai por água a baixo. Poisé, a natureza é perfeita e saber o que faz e quem determina a hora de nascer é o bebê. Mas se você for muito ansiosa e quiser dá um empurrãozinho, nós temos algumas dicas naturais para induzir o trabalho de parto. Porém, saiba que não é comprovado, algumas mulheres dizem que funcionou e outras não. Mas, mal não vai fazer!

O mais famoso, os 3 HOTS:
-Hot Sex(Sexo Quente;
-Hot Bath(Banho quente);
-Hot Food (comida apimentada).

Chás e Óleos:
-Chá de salvia;
-Chá de framboesa;
-Chá de Canela;
-Chá de Gengibre;
-Oleo de ricino (50 ml){Tem um gosto horrível e causa diarréia);

Exercícios:
-Sexo de preferência sem camisinha, o esperma contém prostaglandinas que ajudam a amolecer o colo do útero;
-Estimulação dos mamilos, tanto no ato sexual como com as mãos mesmo;
-Rebolar na bola suíça ou fora, engatinhar, caminhar e agachar;

Acupuntura:
-Há certos pontos do organismo que quando pressionados desencadeiam contrações uterinas. Tal como pode ajudar no desenrolar do parto, a acupuntura pode ajudar a iniciar o processo. Mas só deve ser feita por um profissional experiente e credenciado.

Acupressura
Há dois pontos que podem ser estimulados pra produzir contracoes:

-Na teia entre o polegar e o indicador:
4 dedos acima do tornozelo (proximo ao osso, na parte interna da perna)
Como estimular o ponto da mao: apertar e esfregar em movimentos circulares por 30-60 segundos de cada vez, fazendo uma pausa de 1-2 minutos entre as contracoes.

-Como se estimular o ponto proximo ao tornozelo: pressione firmemente o local (se tiver doendo eh pq achou o ponto) e fricccione em movimentos circulares ate comecar a ter uma contracao, quando a contração terminar, comeca tudo de novo.

Lembrem-se de que essas ténicas são indicadas para gestantes após as 39 semanas e que não há evidência científica que compre a eficácia delas.

Relaxem, façam tudo mas com prazer e não por obrigação.

A Criança Terceirizada - por Dr. José Martins Filho


Cena muito triste de se ver...
Muito boa entrevista com o Dr. José Martins Filho, pediatra. Ele fala da importância dos pais estarem mais presentes para os filhos, e das consequências de suas crianças serem criadas por outras pessoas. Esta entrevista foi disponibilizada no grupo do facebook. Segue a entrevista:

A CRIANÇA TERCEIRIZADA
  
Para alguns são monstrinhos: superativos, mal-educados, incapazes de lidar com frustrações e cheios de caprichos. Para outros, uma legião de pequenos emocionalmente desamparados que, mesmo longe das ruas, sofrem um abandono silencioso dentro de casa. Cabe aos pais evitar esse erro.

O pediatra José Martins Filho viu passar por seu consultório uma verdadeira revolução social nessas últimas décadas. Embora faça questão de acentuar seu apoio às conquistas femininas, ele tem saudades do tempo em que as crianças iam às consultas levadas pelas mães. "Hoje, é comum receber bebês acompanhados apenas da empregada", lamenta. O fenômeno é tema de seu livro A Criança Terceirizada (Ed. Papirus), no qual ele avalia os prejuízos causados pela ausência dos pais nos cuidados com os filhos. Avô duas vezes, Martins lecionou por 35 anos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde atualmente é pesquisador do Centro de Investigação em Pediatria. Já nos anos 1980, foi pioneiro no incentivo ao aleitamento materno no país, numa época em que as mamadeiras imperavam, e é autor de uma vasta produção científica, que inclui nove livros publicados.
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1. - Qual é o futuro das crianças terceirizadas? É possível educar quando se tem pouco contato? 
José Martins Filho: Não. Tanto que muitos pais ausentes são dominados pelos filhos de 2 ou 3 anos. Sentem uma culpa enorme pela ausência e, quando ficam junto da criança, tentam compensá-la dizendo sim a tudo. Também é freqüente o que eu chamo de estilo "geléia com pimenta". Os pais são permissivos e os pequenos começam a testar os limites. Como não há regras claras, eles extrapolam até o adulto perder o controle e mostrar seu lado pimenta. Aí, os pais explodem, gritam, ameaçam, partem para o castigo físico. 
Depois se arrependem e voltam à forma doce e mole. Essa gangorra emocional é sempre terrível e favorece a formação de adultos que se julgam onipotentes. Outro efeito negativo da terceirização diz respeito à colocação de limites. Avós, babás, professores, empregadas podem cuidar, mas eles não têm plena autoridade e, muitas vezes, seus valores não coincidem com os da família. Pais que amam impõem limites e ensinam a respeitar os outros desde cedo.
  2. - Seu livro fala do abandono que pode acontecer dentro de casa, com crianças que aparentemente têm todos os recursos para se desenvolver bem.
 José Martins Filho: De fato e um tipo de abandono silencioso, que não sai nos jornais, mas acontece todos os dias. Um pediatra experiente percebe os sinais: os bebês se machucam e adoecem com freqüência, vão ao consultório com empregados... Outro indício são os pais que reclamam muito da criança e demonstram total impaciência. Alguns chegam a dizer que o bebê é um "chato". O problema não é o filho. São os pais, que não estão sabendo corresponder ao seu papel. Agem como se fosse possível ligar o botão da paternidade pela manhã, brincar um pouquinho, fazer um bilu-bilu e desligar. Mas não é assim. Criança pede atenção, chora, fica doente, exige e, sobretudo, precisa de afeto para se desenvolver. Quem decide ter um filho deve lembrar que, por algum tempo, não vai dar para cair na balada, esticar o chope com os amigos ou fazer hora extra todos os dias.
3. - Existe uma idéia "romantizada" sobre ter filhos?
José Martins Filho: Parece que sim. Além disso, falta encarar o fato de que nem todos nascem para ser pais. A sociedade precisa romper o tabu que faz os casais se sentirem na obrigação de ter um bebê. É melhor não ter filhos do que não se dedicar a eles com carinho e maturidade.
 4. - Toda ajuda de terceiros é prejudicial?
José Martins Filho: Pelo contrário. O apoio de profissionais e pessoas da família é bem-vindo e necessário, especialmente quando se tem um bebê em casa. O que não deve acontecer é a substituição da mãe por babás e outros profissionais. Já vi muitas mulheres que, mesmo no seu tempo livre, delegam os filhos a outras pessoas. Não é de espantar que, quando sofrem uma queda ou têm um pesadelo, essas crianças vão buscar conforto no colo da babá e não no da mãe.
5. - Isso deve causar ciúmes nas mães e confusão para as crianças, não?
José Martins Filho: Sim. Quando se dão conta da profundidade do vínculo que o bebê estabeleceu com a babá, muitas mulheres até despedem a profissional. Conheço crianças que, em dois anos, já tiveram de estabelecer ligações com cinco cuidadoras diferentes... A mãe biológica fica enciumada e substitui as babás. É uma violência com o bebê. Não dá para ignorar que ser mãe implica doar tempo à criança, participar de sua vida, confortar nos momentos difíceis.
 6.- Muitas mulheres passam a maior parte do tempo fora porque trabalham e seu salário é fundamental para sustentar a casa. Por que a responsabilidade com os bebês recai principalmente sobre os ombros femininos?
José Martins Filho: Não quero colocar a culpa nas mulheres, mas não dá para ignorar a importância da mãe nos primeiros anos. Para Winnicott (Donald Woods Winnicott, 1896-1971, famoso pediatra e psicanalista inglês), a capacidade de ser feliz de um ser humano pode depender de apenas uma pessoa e de um tempo. A pessoa é a mãe. O tempo é a infância - em especial, o primeiro ano. Nos primeiros três meses, o pai é importante, mas o bebê necessita da segurança e da proximidade da mãe. Só a partir dos 6 meses, ele começa a se relacionar com os outros. Sou um defensor dos direitos femininos e acho que está na hora de repensar a questão da maternidade como um direito a ser conquistado.
 7. - O direito a acompanhar de perto o crescimento e a educação dos filhos, então, seria uma bandeira em tempos de pós-feminismo?
José Martins Filho: (risos) Exatamente. Cabe à sociedade encontrar formas de garantir esse direito sem obrigar as mães a abrir mão dos seus outros papéis. Isso é fundamental para termos gerações de crianças mais felizes e bem-educadas no futuro.
8. - Oficialmente, a licença-maternidade no Brasil ainda é de quatro meses... Como preservar o vínculo com o bebê na volta ao trabalho?
 José Martins Filho: Aconselho a mãe a usar todos os seus direitos para ficar o maior tempo possível com o filho. Ela pode, por exemplo, unir a licença-maternidade a um mês de férias, solicitar os 15 dias adicionais de licença-amamentação e, na volta ao trabalho, negociar com o empregador um horário mais flexível ou até a possibilidade de levar o bebê junto, em um carrinho ou uma cesta, onde ele fique confortável e próximo. Profissionais liberais sempre têm a alternativa de planejar melhor a agenda e diminuir a carga de trabalho nos primeiros meses. Já vi muitas médicas e advogadas que vão trabalhar levando o filho. Nem sempre é fácil, mas vale a pena tentar.
 9. - Por que está cada vez mais difícil o estabelecimento dos vínculos familiares?
 José Martins Filho: Os costumes mudaram rapidamente e a sociedade atual privilegia o individualismo. Do antigo convívio em volta do rádio, as famílias passaram a se organizar ao redor da TV, todos voltados para a tela. Com o computador, as relações familiares se despersonalizam ainda mais. Conheço pais que falam com os filhos por e-mail, estando na mesma casa. A tecnologia e os seus avanços são ótimos, mas não devem substituir o contato pessoal. A supervalorização do consumo, do poder econômico e da fama sem mérito são outras distorções.
A mulher é pressionada a ter como prioridade manter-se sexy, bonita e malhada. Com esses valores, por que alguém se sentiria estimulado a doar tempo de sua vida a uma criança? Outro dia, no consultório, uma mãe começou a se queixar das suas obrigações econômicas. "Preciso ganhar dinheiro para manter dois carros e os celulares. Tem o meu e o do meu filho. E as contas são altas!", ela dizia. Não sei se consegui, mas procurei abrir os olhos dessa mãe. Será que vale a pena trocar mais tempo com o filho por um celular? Garanto que o menino precisa mais da presença dela do que de um telefone... Crianças amadas e educadas com a presença sólida dos pais certamente têm mais chances de se tornarem adultos felizes e realizados no futuro.
10. - Preenchendo as ausências - Se os pais passam cada vez mais tempo longe dos filhos, quem os educa?
 José Martins Filho: Para os canadenses Gordon Neufeld, psicólogo especializado em desenvolvimento infantil, e o médico Gabor Maté, a influência de colegas, ícones jovens e primos vem se tornando mais determinante na formação dos pequenos do que os modelos fornecidos pelos adultos. É o que os especialistas chamam de "educação por pares" - fenômeno que enfraquece a família. Segundo os autores, uma criança só procura as referências dos pais se uma forte ligação entre eles foi estabelecida.

"Para uma criança se mostrar disposta a ser educada por um adulto, é preciso que ela tenha um vínculo com ele, queira manter contato e se tornar próxima", destacam os especialistas em seu livro Pais Ocupados, Filhos Distantes - Investindo no Relacionamento (Melhoramentos). Se tudo corre bem, essa proximidade emocional com o bebê se transformará em intimidade psicológica ao longo dos anos. Mas é preciso cultivá-la. - Deixe fotos e lembranças que evoquem momentos felizes de convivência estrategicamente colocadas em quarto, sala, próximas do computador. - Escreva bilhetinhos-surpresa reafirmando seu amor. Ponha-os no lanche, no meio do caderno, debaixo do travesseiro. - Coloque no berço do bebê uma peça de roupa com o seu cheiro. - Se viajar, mostre mapas e fotos de onde vai estar e ligue todo dia.

http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/pais-ausentes-424955.shtml