VAMOS TENTAR ENTENDER O QUE SE PASSA QUANDO EXISTE A PRESENÇA DE MECÔNIO DURANTE O TRABALHO DE PARTO.
Muitas mães tem pânico em ouvir falar de mecônio. Mecônio é o cocô
verde que o bebê libera nos primeiros dias de vida, e algumas vezes na barriga
da mãe. Quem nunca ouviu uma vizinha contando que o bebê da sobrinha engoliu
mecônio, que o bebê da neta aspirou mecônio, que o médico marcou a cesárea
porque o bebê tinha feito cocô na barriga...
Vamos desvendar os mitos agora!
Há dois motivos para eliminação de mecônio durante a gravidez:
MATURIDADE FETAL, porque o intestino está funcionando a contento, o que é um
bom sinal, e SOFRIMENTO FETAL, porque quando o feto está mal oxigenado aumenta
a contratilidade dos intestinos e relaxam-se os esfíncteres (como quando
estamos em uma situação de estresse).Em um feto bem oxigenado, que elimina
mecônio apenas porque está maduro, sua presença não traz maiores (aliás, nem
menores) problemas. Esse feto maduríssimo e pronto para evacuar a cada instante
também urina dentro da barriga. A urina é a principal fonte de produção do
líquido amniótico, e quanto mais líquido mais fácil fica de o mecônio se
diluir. Um bom volume de líquido amniótico indica que os rins fetais estão
funcionando a contento, bem perfundidos (ou seja, o sangue chega lá e irriga
bem os rins). Esse mecônio diluído dá o aspecto que chamamos de "tinto de
mecônio" ou "mecônio fluido". Aí, também, sem repercussões
desfavoráveis.
Evidências ultra-sonográficas sugerem que o feto pode evacuar algumas
vezes dentro do útero e, ao nascimento, encontrar-se líquido CLARO,Se o líquido
amniótico está diminuído, não há como diluir o mecônio, aí temos o MECÔNIO
ESPESSO, podendo mesmo assumir o aspecto característico de papa de
ervilhas". A preocupação nesse caso é com o motivo pelo qual o mecônio
está espesso, porque o líquido amniótico pode estar diminuído fisiologicamente
no final da gravidez e nas gestações pós-termo (que ultrapassam 42 semanas) ou
por insuficiência placentária, reduzindo o fluxo sanguíneo para os rins
fetais.O risco de aspiração do mecônio e desenvolvimento de um quadro de
pneumonite grave (Síndrome de Aspiração Meconial) é a maior preocupação nesses
casos de mecônio espesso. Entretanto, o quadro só ocorre em bebês em
sofrimento, que fazem movimentos de 'gasping' dentro do útero e, ao nascer, não
têm os mecanismos fisiológicos para 'clarear' o mecônio.
Bebês hígidos, saudáveis, podem até aspirar mecônio mas os mecanismos
pulmonares normais entram em ação para eliminar esse mecônio.Concluímos,
portanto, que o fundamental é distinguir se o bebê se encontra ou não em sofrimento.
A ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF) continua sendo a forma
não-invasiva mais eficiente de se monitorizar o bem-estar fetal, podendo ser
realizada de forma intermitente (com o sonar Doppler) ou contínua (pela
cardiotocografia). Uma boa ausculta fetal durante o trabalho de parto é
tranquilizadora.
Se há alteração dos batimentos e a freqüência cardíaca fetal assume um
padrão "não-tranquilizador", está indicada a antecipação do parto,
que pode ser por cesariana ou, se o evento ocorre no período expulsivo, através
de fórceps ou vácuo-extração.Alguns estudos apontam para um possível efeito
benéfico da amnioinfusão(instilação de soro na cavidade amniótica por via
cervical), no sentido de prevenir as desacelerações freqüentes nos casos de oligo-hidrâmnio,
porém ainda não há evidências suficientes para apoiar sua indicação rotineira.
De acordo com a revisão sistemática da Cochrane, o procedimento pode levar a
redução das taxas de cesariana por 'sofrimento fetal'. E
Esse texto foi escrito pela Dra. Melania Amorim, Obstetra
completamente a favor do Parto Humanizado.
Retirado do blog: http://www.crisdoula.blogspot.com
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